2º Dia - Santos Film Fest - Engenharia do Cinema

publicado em:28/06/19 12:12 PM por: Gabriel Fernandes Santos Film Fest

O segundo dia do “4º Santos Film Fest” foi o que marcou a diversificação no evento, pois o mesmo não era sediado em apenas um único local, mas sim em dois, e de forma simultânea. Enquanto havia um bate-papo em um local, havia uma mostra cinematográfica em algum cinema da baixada.

O dia se abriu com um divertido bate-papo com os atores Luciano Quirino e Ondina Clais. Hoje ambos interpretam papéis importantes nas séries “DPA – Detetives do Prédio Azul” da Gloob, e “Coisa Mais Linda” da Netflix. Sediado no Sesc de Santos, o evento foi presidido pela apresentadora televisiva do Jornal da Tribuna, Vanessa Machado. O tópico do assunto foi a vida de um ator.

A apresentadora do bate-papo Vanessa Machado.

Com um clima bastante bem humorado, a dupla comentou suas trajetórias que os levaram até ali. “Cheguei a sofrer sérias dificuldades financeiras. Não conseguia nem ter 10,00 para pegar uma condução. Dependia de empréstimos de amigos. Até que um dia uma senhora me perguntou se queria comprar uma sala para negócios. Falei que não tinha condições algumas, então ela me sugeriu de trabalhar como corretor de imóveis.” Disse Luciano, que trabalhou na área depois de 30 anos de carreira como ator, quando não conseguiu mais trabalhos no ramo da dramaturgia.

Quase o mesmo ocorreu com Ondina, que chegou a trabalhar em diversas coisas, até ser chamada pela Netflix. “Eu não tinha condições de absolutamente nada. Mesmo trabalhando com nomes renomados como Willem Dafoe, não era chamada. Então resolvi a dar aulas de teatro, trabalhar como coach, mesmo não entendendo muito do assunto. Até que um dia recebi uma ligação da Netflix, e não conseguia acreditar que era realidade que estava sendo contratada para uma série que está encaminhando para a segunda parte”. A série em questão é “Coisa Mais Linda”, que mostra a história de um grupo de mulheres no Rio de Janeiro, envoltas a música da bossa nova. A mesma vem sido elogiada pela crítica e tem feito bastante sucesso até então.

Os divertidos astros do bate-papo, Odina Clais e Luciano Quirino.

Eles também retrataram como era a relação com os diretores que eles trabalharam, e as principais dificuldades. “Quando estava filmando ‘O Filme da Minha Vida’, o Selton [Mello, que era o diretor do longa e também atuou] me alertou para não comer rabada com o resto dos profissionais de equipe, pois eu teria de fazer uma cena complicada mais tarde. Eu amo rabada, e se tivesse comido, teria certeza que não teria conseguido transpor a atuação que queria.” Disse Ondina. “Também tivemos outros momentos marcantes, um deles em especial, eu tinha bastante dificuldades para chorar, ao encontrar o personagem do Vincent Cassel. Eu sempre fui fã do ator, e amo ‘Cisne Negro’ [longa onde o ator atua como coadjuvante] e não conseguia ter aquela emoção, mesmo sabendo que o clima no set estava alto, pois afinal era um nome pesado que estava atuando ali. Quando eu o vi no trem, uma lagrima escorreu de forma surpreendente, e o câmera conseguiu pegar o momento! A cena ficou surpreendente!” Completou Ondina, que a todo momento transpôs gratidão por ter trabalhado no filme.

Já Luciano mencionou como ele fazia pra construir um personagem, mas quando chegava no set, era surpreendido pelo ponto de vista do diretor. “Me trancava no meu quarto, começava a escrever, ouvindo apenas musicas que remetem ao estilo do meu personagem. Começava a dar vida a ele aos poucos. Depois de uma longa noite de trabalhos, chegava no set e o diretor falava que ‘interpretei tudo completamente errado e que deveria fazer de outra maneira’. Disse Luciano, em um clima bastante humorado. “Já trabalhei com nomes pesados do cinema como Fernando Meirelles [em “Carandiru”] e sou grato por isso!”. Completou.

Ainda sobre o assunto ambos concordaram que para sair de um personagem, deve-se mudar o visual completamente. “Se o personagem tem cabelo preto cumprido, corta-se e muda sua coloração. Se tem barba, tira-se, e assim sucessivamente. Você só oficialmente sai do personagem se passa por esse processo, após o termino dos trabalhos”. Disse Luciano.

A todo o momento ambos demonstraram gratidão por estarem interagindo com os fãs e entusiastas na área, e principalmente pelo convite do idealizador do evento, André Azenha, para estarem fazendo parte do “4º Santos Film Fest”.

Diretor Guto Bozzetti no bate-papo no “Cine Arte Posto 4” (Foto: Santos Film Fest, Instagram).

Ao mesmo tempo começou no “Cine Arte Posto 4”, um bate papo com o diretor do curta “Mocinho e Bandido”, dentro da mostra “Humanidades”, Guto Bozzetti. Este abordava a história de dois adolescentes de periferia são parados em uma batida policial. Róbson, o mais novo, apresenta um atestado de matrícula escolar e é liberado, mas Maicon não tem o mesmo documento.

Já mais tarde no “Patio Iporanga”, as 19h30 foi dada a largada para a mostra competitiva do festival, onde o próprio público da as notas aos filmes ao término das sessões. Como curta e longa de abertura, foram exibidos o excelente “Admirável Mundo Destro”, que mostra a dificuldade das pessoas canhotas no mundo, e o horrível “A Roda da Vida”, onde mostra o questionamento de um homem chamado Osmar, que começa analisar as duas possibilidades na sua vida, a de um homem rico e de um pobre.

Os recepcionistas do Festival no Patio Iporanga, Michelle e Igor.

Antes de adentrar na sala, me forneceram um cupom para dar as respectivas notas aos longas. O mesmo aconteceu no “Cine Roxy 5″, as 22hrs, onde ao adentrar nas sessões do curta ” The Pink Panther Boite”, que mostra a trajetória da boate “The Pink Panter” que era um ponto de referencia em Santos no passado, e hoje virou uma academia da Smart Fit. e do longa “Rogéria, Senhor Astolfo Barroso Pinto” que conta a vida e a trajetória artística da popular e irreverente vedete brasileira Rogéria a partir da dualidade entre o artista e a personagem, entre Rogéria e Sr. Astolfo.  

Cédula para votação na Amostra Competitiva.

Ao mesmo tempo no Cine Arte Posto 4, houve um bate-papo com a diretora trans Júlia Katharine, que apresentou o curta “Tea For Two”, que foi o primeiro curta brasileiro apresentado comercialmente dirigido por uma trans. E o documentário “Lembro Mais dos Corvos”, onde ela estrela.

André Azenha agitando o “Boteco do Valongo”, durante a noite (Foto: Santos Film Fest, Instagram).

E por fim, o dia se encerrou no “Boteco do Valongo”, com a festa de abertura do “Santos Film Fest”, sendo presidida com alegria pelo próprio Azenha que junto ao Secretário de Cultura Rodrigo Cruz e o próprio dono da casa Wladymir Cruz foram os Djs. A festa se iniciou as 22hrs. Eles tocaram diversos sucessos cinematográficos como “Exterminador do Futuro”, “Curtindo a Vida Adoidado” e Guardiões da Galáxia”. O evento se encerrou por volta as 2h30 da madrugada.



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Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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