Crítica - O Gênio e o Louco - Engenharia do Cinema
É inegável que Mel Gibson e Sean Penn são um dos melhores cineastas da história do cinema. Donos de dois Oscars e responsáveis por ótimos longas por trás e na frente das câmeras, eles nunca haviam trabalhado juntos, até este “O Gênio e o Louco”, que foi lançado justamente em uma época onde ambos estão tendo uma nova guinada na carreira.
Baseado no livro de Simon Winchester, a história se passa no final do século 19 e mostra o auto-didata e professor James Murray (Gibson) que acaba sendo convocado para auxiliar um grupo de exímios escritores na construção do dicionário Oxford. Messes se passaram e tendo bastante dificuldades no processo, eles acabam contado com a inusitada do presidiário esquizofrênico William Minor (Penn).
Roteirizado (com John Boorman e Todd Komarnicki) e dirigido pelo estreante Farhad Safinia, vemos que ele sabe explorar muito bem diversas questões dentro desse contexto histórico, que não havia sido abordado antes no cinema. Seja na dúvida se realmente devemos ter compaixão com o personagem de Penn por causa do assassinato de um Pai de família, pela questão de Murray ter abandonado os estudos cedo para estudar por conta própria e se realmente a amizade dentre ambos poderia ter sido por interesse. Só por este fator, vemos que a narrativa realmente funciona, pois a nossa mente de espectador consegue se adentrar facilmente a trama (e isso porque não falei sobre as atuações ainda!).
Tanto Gibson, quanto Penn tem ótima química em tela, sendo que o segundo consegue roubar a cena e surpreender com tamanha atuação que ele exerce (TALVEZ ele apareça nas temporadas de premiações). Sua expressão de maniaco fica bem notável em seu olhar, fala, gestos, realmente impressiona (lembrando até os longas “Um Estranho no Ninho” e “Tempo de Despertar”). Já Natalie Dormer em um primeiro momento achava que ela seria completamente inútil, mas a medida que a narrativa anda, vemos que ela consegue ser um ótimo alibi pro arco de William, fazendo um contra-ponto pra vida de James.
“O Gênio e o Louco” é o melhor filme que assisti neste ano até o presente momento, mas que infelizmente vejo que será mais um mero exemplar ignorado pelo público da sétima arte. RECOMENDO!
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.