Entrevista - João Marinho Normando e Mari Cardoso, de "Asilo - A Última Curva da Vida" - Engenharia do Cinema
“Asilo – A Última Curva da Vida” é um filme lançado na hora certa. Com uma temática que não é abordada pelos cinemas, que é sobre “abandono dos idosos”, o longa serviu como encerramento do “4º Santos Film Fest”. Para contemplar a sessão, não só estiveram os atores do filme, como também o diretor do próprio João Marinho Normando, e a produtora e roteirista deste, Mari Cardoso. Eles cederam uma entrevista para o “Engenharia do Cinema” e “Radio RVD”:
Engenheiro: João, anteriormente você havia me dito que considera o filme [“Asilo – A Última Curva da Vida”], voltado mais para o público jovem e ele aborda um tema bastante atual, que é a questão dos jovens que abandonarem os idosos. Todos nós sabemos que são justamente os idosos que mais se preocupam com as crianças, mas que quando essas crescem, acaba os deixando de lado. Sendo assim, como surgiu a ideia de fazer esse filme?
João Marinho Normando: A ideia surgiu através de uma peça de teatro, em que a Mari que é roteirista e também assistente de direção, onde tratava deste enredo, há cinco anos. Ao gravar a peça, comecei a notar que não se tratava de algo para o teatro. Ai quando fui assistir falei “Mari, isso não pode ser teatro, isso é filme”. Então ela criou o roteiro e o filme surgiu. Isso há quatro anos, mas a produção do longa começou há dois anos e meio.
Engenheiro: O filme tem sido também o primeira produção brasileira a ter uma logo marca pelo mundo. Me explique direito como isso está funcionando?
João Marinho Normando: O filme “Asilo” dentro da história do cinema, com esse assunto [abandono de idosos], é o primeiro na sétima arte. Ele tem um tema complexo, que foi escondido por vários anos no mundo inteiro, não só no Brasil, que é o desprezo pelos idosos. Existem pessoas que não gostam de que falem, mas você faz passeata para cuidar dos animais, mas não faz passeata para cuidar dos idosos. Mas fazem passeata pra mandar pro asilo, que é o “campo de concentração” dos idosos.
Engenheiro: Agora vou falar com a Mari, que é a produtora e roteirista. Diz ai Mari, como foi pra você trabalhar nesse longa que pode-se dizer que é uma dadiva, justamente nessa época?
Mari Cardoso: É como o João disse, o roteiro nós fizemos para o teatro, e ele teve a ideia de levar pro cinema. Então demorou cerca de dois anos, dentre pesquisas, pois nosso roteiro no teatro era uma tragicomédia. O filme também tem algumas pitadas de comédia, mas muito pouco pra não ficar muito chocante. As cenas mais chocantes a gente tirou. E nós estamos bastante felizes com o resultado disso, e foi um ano de gravação em um total de quatro anos de projeto, dentre roteiro, pesquisas de campo, locações e essas coisas todas. É uma satisfação muito grande, ver esse resultado todo agora, e de ter sido convidado para encerrar o “Santos Film Fest”, e é um prazer enorme isso ter acontecido e é uma vitória muito grande. Fora isso, agora temos mais coisas em andamento, o filme tá indo pra fora, estamos negociando com China em estatais para passar em tv [o filme “Asilo”], alguns festivais fora do Brasil. E nós estamos acreditando bastante nesse tema, que é direcionado para os idosos. E como o João disse, para os idosos, mas também para os jovens, para toca-los um pouquinho. Para você saber como lidar com o idoso, e você pensar “poxa, aquela pessoa cuidou de mim, a vida inteira, o tempo inteiro, na infância, e agora não devo trata-la como um ‘objeto’. Devo tratar o idoso como um ‘ser-humano'”.
Engenheiro: Quando o filme será exibido na integra ou será disponibilizado em plataformas streaming?
Mari Cardoso: Então nós já temos a plataforma da “Vimeo”, mas não podemos liberar ainda o filme primeiro por conta dos festivais. Nós temos um acordo de exibição com eles, pro filme não ser exibido antes de ser apresentado nos festivais de Gramado, da Itália, e alguns outros. Provavelmente até agosto/setembro, o filme já esteja nas plataformas e também estamos vendo se fechamos uma parceria com uma rede em São Paulo. Vamos ver se de repente isso acontece, pois vai ser uma rede mais popular, ai todas as pessoas podem estar indo aos cinemas.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.