ESPECIAL TARANTINO - DJANGO LIVRE - Engenharia do Cinema
Leonardo DiCaprio nunca havia interpretado um vilão nos cinemas, até Tarantino criar para ele um personagem chamado Calvin Candie. O ano era de 2011, e mais uma vez aquele foi esnobado pela academia do Oscar, mas seu papel entrou para a história como um dos melhores dos longas de Tarantino (inclusive lhe rendendo seu segundo Oscar de roteiro original). Afinal de contas “Django Livre” se marcou com a cena onde ele realmente se cortou com vidro e continuou atuando normalmente.
A premissa do longa é uma homenagem aos longas de faroeste, onde o escravo Django (Jamie Foxx) é comprado por um caçador de recompensas chamado Dr. King Schultz (Christoph Waltz, no papel que lhe rendeu seu segundo Oscar). Então este começa a educá-lo como um verdadeiro senhorio branco, enquanto também lhe auxilia a encontrar sua esposa (Kerry Washington), que foi aprisionada como escrava na “Cady Land”.
Mesmo tendo citado no primeiro paragrafo sobre a sequência de DiCaprio, realmente fica difícil citar um momento glorioso em “Django Livre”. Seja com os enquadramentos rápidos nos rostos dos personagens em momentos chaves, ou nos diversos embates de Django em sua trajetória com Schultz. Tudo é regado a uma trilha sonora impactante (inclusive o penúltimo arco, com a música “Unchained” do James Brown, lembra bastante “Kill Bill Vol. 1”), um humor negro de primeira e claro, muita violência ao melhor estilo Tarantino.
Em questão as atuações, um personagem que particularmente acaba roubando a cena é o interpretado por DiCaprio. Mesmo aparecendo a partir da metade do longa, o ator se saiu muito bem no papel. É o clássico “vilão amigável”, onde não sabemos o que realmente ele pensa, mas pode mudar suas atitudes em poucos segundos. Sua química com Samuel L. Jackson, que vive uma sátira ao personagem da cultura estadunidense Tio Remus (personagem do longa proibido da Disney, “A Canção do Soul”), que mesmo sendo negro na época dos escravos idolatrava os brancos e senhorios.
Um fato bastante interessante sobre estes personagens é que tanto Django, quanto sua esposa Broomhilda, são tataravós do próprio Shaft dos anos 70, interpretado por Richard Roundtree na série de TV. A informação foi confirmada pelo próprio Tarantino, durante uma coletiva na Comic Con. A referencia se da ao nome daquela, Boomhilda Von Shaft.
“Django Livre” é um clássico moderno criado por Tarantino, e sem dúvidas já se figurou dentre um dos melhores faroestes idealizados na história do cinema.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.