Crítica - João o Maestro - Engenharia do Cinema
O maestro João Carlos Martins, que é considerado o maior compositor da história do Brasil e se igualou a grandes nomes da música mundial como John Williams. A adaptação cinematográfica sobre sua vida, rotulada de “João, O Maestro”, que é dirigida por Mauro Lima (“Meu Nome Não é Johnny”), conseguiu mostrar de forma digna o que aquele enfrentou desde pequeno, para alcançar o status que hoje lhe pertence.
A trama é dividida em quatro atos, onde acompanhamos ele na infância (Davi Campolongo), quando já demonstrava ser bem experto com relação ao entendimento e rapidez no aprendizado com as partituras. Na adolescência (João Pedro Germano), onde ele se apresentava como pianista principal em alguns espetáculos. No inicio da fase adulta (Rodrigo Pandolfo), pelo qual começou a realizar importantes apresentações fora do Brasil, e na fase atual (Alexandre Nero), onde ele resolveu retornar aos holofotes depois de anos afastado.
Divergindo do estilo apresentado em “Bingo” (que era uma produção MUITO maior), aqui temos uma narrativa muito mais resumida do que João enfrentou em vida. Seu amor pelo time da Portuguesa é apresentado (chegando a servir de alivio cômico), assim como todas as adversidades que ele passou, desde a embolia pulmonar, a paralisia nas mãos (abordada constantemente na narrativa) e o traumatismo que ele possui no cérebro (que lhe causou diversas sequelas na fala).
O ponto forte do longa são as interpretações do Maestro, pelos quais os seus quatro interpretes estavam bem. Mas quando o longa apresenta o arco guiado por Pandolfo a narrativa decai um pouco, e meio que parece que ta rolando outro filme (principalmente quando são intercalados com as arcos envolvendo o lado mulherengo de João). Inclusive quando ele divide a cena com a péssima Fernanda Nobre (que vive a sua primeira esposa), pelo qual não possui expressão alguma. Só que quando somos apresentado ao mesmo já na fase mais velha no inicio dos anos 90, em que ele estava voltando ao ritmo musical, o longa começa a recuperar aquela simpatia que disponibilizava no inicio.
“João O Maestro” é uma sinal para os desavisados de plantão, que o Brasil possui excelentes histórias que podem ser contadas pelo nosso cinema, em uma época onde ‘Youtubers” e “metidões de plantão” dominam as telas. Para quem não conhecia tudo o que este maestro viveu e ouvir tocá-lo posteriormente, chega a emocionar muito mais do que qualquer “See You Again”.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.