Crítica - Bingo: O Rei das Manhãs - Engenharia do Cinema

publicado em:2/09/19 8:00 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

Há certo tempo que o cinema nacional não lançava uma obra, que realmente fosse digna de reconhecimento geral, como ocorreu com “Bingo – O Rei das Manhãs”, em 2017. O marketing massivo havia começado de forma bastante “sigilosa” na última edição da Comic Con Experience. Com a vinda dos atores Vladimir Brichta e Leandra Leal, vimos um primeiro trailer do mesmo, acompanhado de um estande de maquiagem para crianças, na área da Warner. O longa aborda a história de Arlindo Barreto, o primeiro interprete do celebre palhaço Bozo, que fez muito sucesso nas manhãs dos anos 80, no SBT. Apesar de não se referir diretamente em nomes a alguns personagens e empresas televisivas (tirando a da atriz Gretchen), nada atrapalha nesta narrativa que em momento algum foi feita para o público alvo do caractere (as crianças). Arlindo virou Augusto Mendes, assim como Bozo virou Bingo.

Imagem: Warner Bros (Divulgação)

Começamos acompanhando a vida de Mendes (Brichta), quando ele era um ator de pornochanchadas e era famoso pelo seu humor dentro dos longas. Só que um dia ele resolve tomar outros rumos na vida, e é quando surge a oportunidade de assumir o papel do palhaço Bingo, que era sucesso estrondoso nos Eua e precisava manter a tenuidade no Brasil. Caindo em contradições, Mendes conseguiu consagrar o personagem como um dos mais celebres da história televisiva do país. Enquanto isso sua vida pessoal era regada a problemas com álcool, drogas e conflitos familiares. 

Resultado de imagem para bingo o rei das manhãs
Imagem: Warner Bros (Divulgação)

Esse é o tipico longa que se estivesse nas mãos erradas, seria uma bomba ao extremo, pois seria recheado de momentos excessivos de pornochanchada ou envoltos a lições de moral com uma redenção religiosa de brinde. Por sorte foi chamado para comandar o projeto, Daniel Rezende (que foi indicado ao Oscar, pela edição de “Cidade de Deus”). Aqui ele soube muito bem como dosar tudo, pra não ficar extremamente chato ou entediante, mas sim plausível mediante a tonalidade do longa. Seja na fotografia que remete a um longa dos anos 80, ou sempre algum plano que realiza o minimo de takes dentre as cenas (algo bem raro de se ver no cinema nacional), Rezende sabe como se faz cinema.

Assim como ele, Brichta arrasa no filme e sem sombra de dúvidas, o cara vai ser o novo Rodrigo Santoro, se ele continuar neste mesmo estilo (que aparentemente ele entrou de cabeça no personagem). As fases de um homem de família, que começa a se autodestruir aos poucos, chega a ser realmente assustadora. Sua parceira em cena, Leal também consegue ser excelente, como a produtora durona, onde aos poucos o público vai se simpatizando com ela. Quanto ao restante do elenco, todos estão no timming correto (inclusive Pedro Bial, em uma pequena participação). Aos mais assíduos em telenovelas, a aparição do finado Domingos Montagner poderá apertar um pouco o coração. 

“Bingo – O Rei das Manhãs” fará você ver muito mais além do palhaço que nos anos 80, alegrava as manhãs do SBT.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.




Post Tags

Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


Comentários



Adicionar Comentário