Crítica - Midsommar: O Mal Não Espera a Noite - Engenharia do Cinema
Ari Aster tem se mostrado como um dos grandes nomes do horror. Depois de chocar o público ano passado com “Hereditário”, seu segundo longa “Midsommar: O Mal Não Espera a Noite”, opta pelo mesmo recurso. Já adianto que este é um longa que foi concebido ciente que não agradará a todos, pois além de ser muito complexo, exige que seu público fique atento aos detalhes e reflita sobre tudo o que está vendo. Como vivemos em uma geração que quer as respostas de imediato e não pensa mais, muitas pessoas sairão indignadas da sala de cinema (como ocorreu na sessão em que estava).
A história mostra um grupo de amigos que viajam até a Suécia, para conhecer uma comunidade de campo que um deles faz parte. No local eles acabam descobrindo que o comportamento deles pode ser pior do que eles imaginam.
Aster explora todo o cenário e situações pequenas, para mostrar o que está por vir na trama. Seja um desenho, objeto, dialogo ou até mesmo um enquadramento da câmera. Tudo é executado de forma sutil, para notarmos que mais tarde aquilo ainda será executado e explorado.
Porém a narrativa do longa pode ser um pouco confusa, pois ela se passa em grande parte no próprio campo citado e a forma que ela é exercida reflete exatamente ao que o grupo de amigos está pensando sobe tudo (“não estou entendendo absolutamente nada” e “eles estão completamente loucos”). Os cinéfilos mais afincos sentirão semelhanças com longas como “Corra!”, “O Bebê de Rosemary” e “O Homem de Palha”.
O elenco é bem eclético, mas o grande destaque vai para Florence Pugh. A jovem realmente convence como uma persona confusa e depressiva. Cada expressão, cada olhar dela, vemos o quão soa real tudo aquilo. Ela possui uma boa química com Jack Reynor e Vilhelm Blomgren, que também estão bem nos seus papéis, mas nada que seja no nível dela. Já Will Poulter fica com o cargo de alivio cômico, onde graças ao roteiro de Aster, ele funciona dentro da narrativa (não interrompendo arcos de suspense ou dramáticos).
“Midsommar: O Mal Não Espera a Noite” não é um filme alegre, muito menos foi feito para agradar os fãs do cinema de horror. Ele é uma produção de terror psicológico, onde se você não for procurando algo bastante violento e genérico, vai gostar.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.