Um pouco antes da sessão de “A Fera na Selva” se iniciar, o cineasta Paulo Betti que escreveu, produziu, dirigiu e estrelou o longa, alegou que se tratava de um “projeto pessoal”, assim como algo “bastante forte e pesado”. Sábias são suas palavras, pois a descrição feita de forma sucinta resumiu o que é essa adaptação do livro de Henry James, que virou uma peça teatral comandada pelo próprio, e agora um longa metragem.

Aqui ele interpreta o pacato e egoísta João, que vive um turbulento relacionamento com sua esposa Maria (Eliane Giardini), ao longo de vários anos. Já aviso de antemão que toda narrativa é composta através de monólogos, onde o tempo é notado através do excelente trabalho da equipe de maquiagem, que envelheceu a dupla central lentamente, a medida dos avanços dos arcos. Eles são sempre acompanhados da narração em off de José Mayer.

Aqueles que procuram algo com bastante ação ou com mais enfase no romance, vai se chatear, pois a obra é embasada no perfil psicológico de ambos os protagonistas. Enquanto João vai se “decompondo” na vida, Maria vai acontecendo o mesmo mas da forma física. Ambos tem excelente química (mas vale lembrar que Betti e Giardini foram casados por 25 anos), mas realmente não há como escolher quem trabalhou melhor, pois eram atuações bastante complexas dentro do contexto proposto.

Fora isso, a dupla acaba passando por algumas cidades como Salvador e apresenta ao público algumas belezas e lugares históricos desta região (onde a equipe de fotografia fez um excelente trabalho).

“A Fera na Selva” não é um filme feito para alegrar aqueles que buscam um romance comum, mas sim algo cabeça e que faça sair pensando sobre a vida, ao término da sessão.

Obs: O longa foi conferido na pré-estreia do Cine Roxy, com a presença do ator Paulo Betti.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.