Crítica - Mais Forte Que O Mundo: A História de José Aldo - Engenharia do Cinema

publicado em:24/10/19 3:33 PM por: Gabriel Fernandes Cidades CriativasCríticasTexto

José Aldo foi o primeiro campeão do UFC brasileiro. Porém o que esteve por trás disto, foi sua tensa história de vida que o motivava psicologicamente nas lutas (como ele mesmo diz em entrevistas). E é exatamente esse o foco do longa “Mais Forte Que O Mundo: A História de José Aldo”, dirigido pelo Santista, Afonso Poyart (“Presságios de um Crime”).

Diretor Afonso Poyart ensinando José Loreto (Divulgação: Paris Filmes)

Aqui o enredo começa com Aldo (José Loreto) sendo um jovem rebelde, nas periferias do Manaus, no estado do Amazonas. Porém ele sempre demonstrou ser um batalhador mediante dos desafios que a vida lhe propunha, como o fato de aguentar as constantes chegadas do seu Pai (Jackson Antunes) alcoolizado e agredindo sua mãe (Claudia Ohana). Como ele tinha uma enorme paixão por lutas, Aldo decidiu ir morar no Rio de Janeiro, onde tinha um amigo chamado Vandir (Rafinha Bastos) que lhe colocou para ajudar numa academia de treinos de MMA. Foi a partir dali que ele começaria a ganhar reconhecimento de suas habilidades.

O que me chamou bastante atenção na narrativa, foi o fato de Poyart ter construído diversos momento chaves, que fez todos os atores estarem excelentes e com um enorme entrosamento. Pra se ter uma noção, há cerca de dois meses antes do lançamento deste filme, Cléo Pires estava péssima em “Operações Especiais”, e aqui ela está ótima, como a namorada de Aldo. Ela possui um timing cômico (onde nem Rafinha Bastos fez alguma graça aqui, por incrível que pareça), dramático e uma química com Loreto excelente. Este alcançou um estilo de atuação (com ajuda do roteiro, obviamente), que chega a lembrar um pouco de Sylvester Stallone no primeiro Rocky. Seus momentos com Antunes já refletem a enorme carga dramática que o ator possui, assim como nos constantes flertes com sua primeira paixão, Luiza (Paloma Bernardes) e nas brigas com seu namorado playboy (Rômulo Neto). Mas nesta abordagem a direção de Poyart usa e abusa do recurso de slow-motion.

(Divulgação: Paris Filmes)

Apesar desta questão em grande partes das cenas, o diretor conseguiu dosar a narrativa de uma forma onde não se apela muito para o drama, pro sexo, pra violência ou pra comédia. Mas sim para algo concreto e que acaba prendendo o público e chamando a atenção deles para acompanhar as lutas de Aldo no UFC, ou até mesmo incentivar outros brasileiros com sua história de superação. 

“Mais Forte Que o Mundo” pode ser definido como uma das esperanças para o cinema nacional, que cada vez mais vem amadurecendo. Mas que porém comete alguns deslizes de vez em quando (como o elogiado “Que Horas Ela Volta?”, que achei muito forçado e fictício em vários quesitos).

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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