Crítica - O Preço da Verdade - Engenharia do Cinema
Ao que tudo indica este filme foi feito com a ideia que Mark Ruffalo finalmente seria indicado ao Oscar de ator principal, e que conseguiria alguns outros prêmios. Mas devido ao assunto extremamente delicado que “O Preço da Verdade” aborda, as premiações acabaram deixando a produção pra escanteio e deram destaque para outras (já que 2019 foi um excelente ano para o cinema). Apesar disso não hesito em dizer que realmente temos o melhor papel da carreira de Ruffalo.
Baseado em um artigo do The New York Times escrito por Nathaniel Rich, Mark interpreta o advogado Rob Bilott, que trabalha em uma grande firma de advocacia nos Eua. Um dia ele recebe a visita do fazendeiro Wilbur (Bill Camp), que lhe notifica sobre seus animais estão morrendo devido ao fato de ingerirem água do rio de sua fazenda, que foi contaminada pela industria DuPont. Mas a medida que as investigações vão acontecendo, Rob vê que ele está lutando contra um sistema completamente corrupto.
A começo de conversa, esse é o tipico filme difícil de se fazer por diversos motivos, dentre eles: “como fazer o público ficar preso na narrativa?”, “os argumentos em tela são realmente plausíveis?” e “como não fazer tudo parecer uma dramalhão clichê?”. Felizmente os roteiristas Mario Correa e Matthew Michael Carnahan souberam como retratar esta trama, que se passa por diversos anos consecutivos (dos anos 90 aos dias atuais, basicamente), e nos fazem refletir sobre o tema apresentado (atiro a primeira pedra quem não chegou em casa após essa exibição do filme e optou por jogar fora os produtores com teflon). Mas os clichês e dramalhões se dão em alguns discursos dos personagens, porém dentro da premissa era algo plausível em alguns breves momentos.
Como havia dito no primeiro paragrafo é realmente o filme da carreira de Mark Ruffalo (que na vida real também é envolvido em causas de meio ambiente), e não dou 10 anos no máximo para ele levar seu primeiro Oscar. Porém o mesmo não posso dizer de Anne Hathaway que interpreta a tipica personagem “estou aqui para apoiar o protagonista e ser a ‘interlocutora’ do espectador”, onde no caso é a esposa deste. Ela faz bem a função, mas se resume apenas a isso. Outros excelentes nomes como Tim Robbins, Bill Pullman e Victor Garber, também acabam sendo pouco aproveitados pelo roteiro.
“O Preço da Verdade” é um filme importante e bastante interessante para ser conferido nesta época onde existem diversas discrepâncias em torno ao meio ambiente e infecções.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.