Crítica - O Grito (2020) - Engenharia do Cinema
O ano mal começou e já temos “O Grito” como um forte candidato a pior filme de 2020. Não, este não é uma refilmagem da versão japonesa criada por Takashi Shimizu em 2002, muito menos da estadunidense de 2004, estrelada por Sarah Michelle Gellar. Mas sim uma trama “simultânea” a esta.
Ela mostra várias histórias paralelas, onde uma estranha maldição acontece em uma casa nos Eua. Todos que adentram nela, acabam sendo vitimas desta, pelo resto da vida. Então a detetive Muldoon (Andrea Riseborough) decide começar a investigar o caso.
Tecnicamente é isso que acontece neste reboot, onde não sabemos exatamente se é um filme sobre a maldição de uma casa, sobre algum ser demoníaco e principalmente nos questionamos todo tempo quando veremos os “gritos do Toshio?” (garoto japinha “marca” da franquia, e que agora virou uma garota). Durante os quase 100 minutos de projeção, nós também questionamos o que diabos estamos vendo, pois o roteiro e edição são literalmente uma bagunça (que tanta se salvar com scare-jumps e cenas de gore aleatórias).
São várias tramas expostas de uma tal maneira, pelas quais não conseguem transpor afeto, nem interesse do espectador, muito menos nada que seja fiel aos longas originais (que não seja a cena inicial em Tókio, que durou apenas três minutos). Inclusive vemos que os produtores apelaram para atores do calibre de Riseborough, Jon Cho e Jacki Weaver, que acabam sendo literalmente jogados no lixo, com arcos vergonhosos. Isso sem contar com a veterana Lin Shaye, que parece ter sido pega “emprestada” da franquia “Sobrenatural” (porque a descrição da sua personagem é a mesma, basicamente).
O novo “O Grito” não da sustos, mas vergonha da Sony Pictures querer mudar uma franquia de sucesso extremo e que já tem um carinho e respeito pelos fãs há tempos. Se você gosta do original, faça um favor a si mesmo e evite de ver este filme.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.