Crítica - Má Educação - Engenharia do Cinema
É difícil imaginar como o ator Hugh Jackman deu uma mudada radical na carreira após o sucesso de “Logan” e “O Rei do Show”, em 2007. Sumido das grandes produções, ele tem optado por tramas mais políticas e sérias. E é o caso deste “Má Educação”, filme adquirido pela HBO, no Festival de Cinema de Toronto, no último ano.
Aqui ele interpreta Frank Tassone, um dos responsáveis pela escola pública de Nova York, Roslyn. Mas o que muitos não sabem e aos poucos começam a desconfiar, é que o mesmo utiliza das verbas fornecidas pelo governo para usar na escola, em recurso próprio e de seus funcionários.
Na atual conjuntura do Brasil, identificações com diversos quadros nacionais não são mera coincidência, por mais que não envolva a política estadunidense em si e sim a falta de caráter de responsáveis pelo sensor público. Jackman cai como uma luva para o papel, transpondo o total sarcasmo em seu antagonismo (que trabalha muito os olhares nos momentos cruciais). O jogo de cintura que ele apresenta a cada dificuldade e obstáculo apresentado, provavelmente fará ele ser um dos grandes destaques das premiações de 2021 (caso aconteçam).
Em seu contraponto temos a novata Geraldine Viswanathan, que tem tudo para crescer dentro da indústria (se não pegarem ela para fazer apenas este tipo de personagem). Assim como a veterana Allison Janney (“Eu Tonya”), que representa o oposto de personagem de Jackman (mesmo estando no esquema, é a verdadeira laranja da situação).
“Má Educação” é um reflexo da nossa sociedade política em outros quadros, que acabará se tornando marcante na filmografia de Hugh Jackman.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.