Crítica - Love - Engenharia do Cinema
Gaspar Noé sempre foi conhecido por ser um cineasta sem pudor na hora de conceber seus filmes. Tendo em seu currículo filmes extremamente fortes e impactantes como “Irreversível”, “Love” foi lançado nos cinemas em meados de 2015 com a seguinte proposta “você verá cenas reais de sexo em 3D”. Infelizmente a ideia acabou fracassando por um simples motivo: as salas onde este tipo de filmes são exibidos (cinemas e salas cults), não possuíam tecnologia e suporte na época.
A história gira em torno de Murphy (Karl Glusman), onde no primeiro dia do ano novo recebe a ligação da mãe de sua ex-namorada, Electra (Aomi Muyock), alegando que esta está há mais de dois meses desaparecida e se ele tinha noticias dela. Então a narrativa passa a acompanhar a vida do casal enquanto namorados, e o que levou eles a romperem o relacionamento.
Já antecipo de antemão que este filme deixa quaisquer exemplares da franquia “50 Tons de Cinza” e o recente “365 Dias” no chinelo, no quesito de cenas quentes de sexo. Aqui rolam diversas cenas extremamente pesadas e que realmente às vezes remetem mesmo a estarmos assistindo a um filme pornográfico, porém o diferencial está na direção de Noé.
Com uma fotografia de Benoît Debie, regada a tonalidade vermelha e câmeras sempre estacionadas em uma única posição, ele deixa literalmente o sexo ser o narrador da história. Através dele, à trama se mexe e os personagens tem suas consequências. Mas é notável que o enredo é bem preguiçoso em vários aspectos (já que o próprio Noé o concebeu com base de improvisos, e o roteiro em si havia só sete páginas!), pois é uma história de romance bastante clichê e desinteressante.
Com fortes cenas de sexo, “Love” é um filme que será apenas conhecido por este quesito e nada mais além disso.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.