Crítica - Hard (1ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Na coletiva de imprensa da série “Hard”, o diretor responsável por esta primeira temporada, Rodrigo Meirelles, deixou claro uma coisa: partimos do princípio de “não transformar essa trama em uma pornochanchada”. Isso é notado desde o princípio da série, que, em seus seis episódios, chega até a lembrar o divertido longa “De Pernas Pro Ar” (o primeiro, pois os outros dois não são bons).
A história mostra Sofia (Natália Lage), uma mulher de meia idade, onde, após perder o marido em um acidente doméstico, acaba descobrindo que ele era proprietário de uma produtora pornográfica. Se tornando herdeira deste patrimônio e tendo de trabalhar com sua sogra (Denise Del Vecchio), Sofia começa a colocar em cheque suas opiniões sobre esse vasto e obsceno universo, além de continuar com os negócios do marido.
O roteiro de Danilo Gullane fez com maestria a principal coisa que o seriado apresentou: os conflitos de uma mulher com relação a sexualidade. Tratando o assunto como tabu, Sofia é muito bem interpretada por Lage e vemos a evolução de sua personagem através do olhar. O seriado é dela e apesar do restante do elenco estar bem, ninguém consegue roubar sua cena.
Com relação as piadas, elas beiram ao estilo pastelão e humor negro, mas nem todas as piadas acabam funcionando, pois, às vezes, a série fica intercalando forte dentre a comédia e o drama. Alguns nomes de atores pornográficos são realmente engraçados, mas, quando determinados personagens abrem a boca, o drama começa (porque eles mostram que nessa profissão, nem tudo é as mil maravilhas).
Apesar de ser previsível e breve, a primeira temporada de “Hard” mostrou que realmente a série tem potencial para mais algumas temporadas.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.