Crítica - Lindinhas - Engenharia do Cinema
Há cerca de um mês a Netflix sofreu sérias acusações de ser alvo de promover a pedofilia com o longa francês “Lindinhas“, seja através do poster do filme ou até mesmo de seu trailer. Como prefiro opinar sobre tudo após ter conferido o material em si, já adianto que nesta semana conferir a produção que havia sido lançado na plataforma (inclusive, de uma forma discreta, pois ele não estava em nenhuma aba de lançamento e tive de procurar no sistema de busca). Mesmo tendo sido “Vencedor no Festival de Sundance” como Melhor Filme, nada justifica os fatos que irei comentar nos próximos parágrafos.
Imagem: Netflix (Divulgação)
A história gira em torno da menina de 11 anos Amy (Fathia Youssouf), que vive em uma família extremamente conservadora e que não admite mudança de comportamento de forma alguma. Porém ao conhecer um grupo de jovens dançarinas rebeldes (na mesma idade), ela resolve se rebelar e viver como tais garotas.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Escrito e dirigido por Maïmouna Doucouré, é notável que apesar dela querer relatar um assunto polêmico e muito difícil de ser lidado, vemos que ela claramente acabou dando um tiro em seu próprio pé. A começar pelo fato que REALMENTE o filme faz uma romantização da sexualização infantil, à todo momento. Com constantes enquadramentos nas crianças, músicas que induzem pensamentos sórdidos e atos que induzem a pensamentos errôneos, em momento algum o roteiro aborda que isso tudo é errado, muito pelo contrário, errado é os que criticam estas coisas.
O filme acabou realmente jogando uma premissa polêmica no lixo, pois vemos que Doucouré não teve cuidado que cineastas como Martin Scorsese (“Taxi Driver“) e Larry Clark (“Kids“), pois estes abordaram os mesmos temas delicadamente e não transformaram em algo sexual e supérfluo. Um mero exemplo é quando o grupo de meninas são sempre colocadas contra paredes em situações consequentes de seu comportamento. Em momento algum o roteiro às culpa e sempre opta por colocar elas como “heroínas” e os que as criticam como os “vilões”.
“Lindinhas” é um longa completamente desnecessário e uma verdadeira mancha na história da Netflix, pois além de endeusar a sexualização infantil, não serve nem para debater o assunto,
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.