Crítica - O Gambito da Rainha - Engenharia do Cinema

Lançada no final de outubro, a minissérie da Netflix “O Gambito da Rainha” tem feito um inegável sucesso. Com sete episódios, com cerca de 50 minutos cada, a trama, que se passa nos tempos da Guerra Fria, mostra que a atriz Anya Taylor-Joy é mesmo um dos maiores nomes de Hollywood (e provavelmente vai abocanhar vários prêmios por esta produção).

Imagem: Netflix (Divulgação)
Ela interpreta a jovem Beth Harmon que, após perder a família em um acidente de carro, acaba indo morar em um orfanato. Por lá, ela acaba fazendo amizade com um zelador e descobre uma imensa paixão por xadrez. Após ser adotada e, à medida que os anos avançam, ela vai se aperfeiçoando na área e se tornando uma das maiores jogadoras dos EUA.

Imagem: Netflix (Divulgação)
Totalizando 6h30 de duração, essa minissérie tem uma atuação visceral de Joy. Em todo momento a direção de Scott Frank procura enaltecer as atitudes dela através de constantes closes nos olhares, fazendo uma breve reflexão de como ela está pensando em determinadas situações, ou seja, tudo é retratado como um jogo de xadrez. Seja no seu vício em medicamentos e na bebida, ele deixa claro que Harmon nunca deixou sua paixão por xadrez ser afetada por seus problemas pessoais (um mero exemplo é a cena de abertura onde, em poucos minutos, ela muda a persona de agitada e confusa para uma jogadora focada).
Mérito também do roteiro de Walter Tevis, que tinha tudo para fazer vários contrapontos em possíveis subtramas. Mas ele usa os personagens coadjuvantes como um xadrez (sim, volto a dizer isso), pois eles são apenas peças importantes na trajetória de Harmon. Sejam os experientes jogadores Benny Watts (Thomas Brodie-Sangster) e Harry Beltik (Harry Melling) sejam, até mesmo, alguns traumas de seu passado que vem à tona constantemente. Nada atrapalha o resultado da narrativa.
Em seu desfecho, “O Gambito da Rainha” acaba levando o título de grande “Rainha” das minisséries de 2020. Provavelmente será o grande “Xeque-Mate” da Netflix nas premiações de 2021.

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.
