Crítica - Loja de Unicórnios - Engenharia do Cinema
Brie Larson já se tornou uma das maiores atrizes de Hollywood. Com 29 anos, ela já tem um Oscar (pelo ótimo “O Quarto de Jack”) e assumiu o manto da super-heroína da Marvel, Carol Denvers em “Capitã Marvel”. Em sua primeira produção a frente da cadeira de diretora no longa da Netflix, “Loja de Unicórnios”, vemos que ela além de atuar como protagonista, ela realmente tem talento atrás das câmeras, porém, teve a infelicidade de trabalhar com um roteiro blasé.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Aqui ela interpreta a jovem Kit, que acredita no fato de um dia ter sua imaginação e dotes artísticos serem notados. Mas, depois de uma apresentação desastrosas, ela acaba jogando tudo para o alto para trabalhar atrás de uma mesa, em um trabalho degradante. Eis que, de forma repentina, ela acaba conhecendo um homem misterioso (Samuel L. Jackson) que lhe faz abrir os olhos para a vida.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Larson se preocupa em muito em traçar enquadramentos que servem como comparação às várias situações que ela vive, como temos um claro exemplo nos primeiros minutos. Enquanto, em uma cena, vemos seu pai (Bradley Whitford) tentando entender os dramas dela, sua mãe (Joan Cusack) idolatra seu amigo de infância pela carreira de sucesso. Fora que seja através das atuações dela, seja dos personagens a sua volta remeterem ao tipo de situação em que eles vivem (enquanto temos os personagens no escritório, sem expressão e tristes, vemos um Samuel L. Jackson bastante feliz e descontraído).
Mas como nem tudo é as mil maravilhas, se tratando de algo vindo da Netflix, a partir dos 30 minutos o longa começa a desandar por completo. O roteiro de Samantha McIntyre não sabe e não passa segurança sobre seu rumo. Ele não sabe se é um longa psicológico, um drama, um romance, uma “Sessão da Tarde”. Tudo fica bastante raso e desinteressante à medida em que os minutos posteriores vão se passando. Temos diálogos com frases clichês, situações banais (como discussão entre pais e filhos, protagonista lutando por seus sonhos com uma trilha pop de fundo e etc.). Sem mencionar alguns personagens que aparecem e não são de importância alguma para o filme.
“Loja de Unicórnios” não é totalmente ruim pelo exímio trabalho de direção de Brie Larson. Caso estivesse na mão de outro diretor, acredito que dificilmente conseguiria fazer algo decente.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.