Nossos palpites para o Oscar 2021 - Engenharia do Cinema
Não é novidade que o Oscar 2021 será uma das edições que tendem a entrar para a história por não ser feita em plena recuperação de uma enorme pandemia, e sim pelo fato de pela primeira vez será sediada em três cidades do mundo (Em Los Angeles nos EUA; Londres na Inglaterra e Paris na França) para poder seguir as regras de distanciamento social e não realizar o translado da maioria dos indicados que residem em vários cantos do mundo.
Restrições à parte, também estamos falando de uma edição cuja maioria dos filmes foram lançados diretamente em serviços de streaming (afinal os cinemas ficaram fechados na maioria do ano de 2020, e alguns dos títulos foram direcionados para a Netflix, Amazon, Hulu e afins). Conseguimos contar na palma de uma única mão, quantos filmes na categoria principal foram vistos nas telonas (“Judas e o Messias Negro”, “Nomadland”, “Meu Pai”, “Minari” e “Bela Vingança”, e isso porque não citei as outras que não completam nem ambas às mãos).
Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação)
Infelizmente isso não é sinônimo de audiência, pois com a ausência de grandes blockbusters no último ano, não há um filme realmente grande dentre os principais indicados. Não haverá um “Coringa”, “Nasce Uma Estrela”, muito menos algum longa da Marvel em categorias técnicas. Apenas títulos relativamente “pequenos” acabaram sendo selecionados (com exceção de “Tenet”, que faturou duas indicações), e isso não é suficiente para captar a atenção do público em geral.
Após diversas premiações terem os resultados praticamente idênticos, não hesito em dizer que esta edição está dividida em dois parâmetros: Ela será um “mais do mesmo” ou os votantes podem nos surpreender. Como um cinéfilo raiz, torço pelo imprevisto, para aumentar a discussão e ter o “boom” da surpresa (que infelizmente já estou ciente que não irei presenciar).
Na categoria de melhor filme e direção já é certo que “Nomadland” e Chloé Zhao levem os prêmios, por um simples fator que é a questão da narrativa mesclar de forma sutil um documentário com uma história dramatúrgica. O recurso tentou ser feito por vários cineastas, mas somente agora ele funcionou como deveria. A vitória será merecida.
No quesito de atuações Chadwick Boseman já é o favorito desde o dia que ele nos deixou, pois além do enorme legado que ele nos deixou, seu papel em “A Voz Suprema do Blues” é a última chance de reconhecimento. Em atriz, confesso ser uma das poucas categorias mais acirradas, pois a briga está entre Viola Davis e Carey Mulligan. Enquanto a primeira fez um ótimo parâmetro com aquele, a segunda representou a angústia de várias mulheres que sofrem com abuso e desacato de vários homens (sendo que o momento todo, estamos em sua pele). Provavelmente o prêmio acabe indo para Mulligan por este fator.
Em coadjuvante não haverá muitas novidades, pois “Judas e o Messias Negro” é um filme do Daniel Kaluuya e ele ganhou tudo que foi premiação. Apesar dele ser tratado como coadjuvante, ele roubou a cena durante boa parte da projeção e se tornou o protagonista. O mesmo pode-se dizer de Maria Bakalova, que interpreta a filha do personagem Borat em “Borat: A Fita do Cinema Seguinte“. Além de alavancar sua carreira, sua cena com Rudolph Giuliani (advogado do Ex-Presidente Donald Trump) foi um dos pontos cruciais para sua vitória ser quase certa (afinal, Hollywood não gosta deles e comemorou o momento).
Em uma tacada somente, afirmo que nas categorias de Animação, Som (que agora juntou de Edição e Mixagem) e Efeitos Visuais não possuem outros favoritos e provavelmente reconheça “Soul“, “Sound of Metal” e “Tenet” (apesar que ainda acho que “Amor e Monstros” pode surpreender).
Já na parte de roteiro confesso que não haverá surpresas, pois “Nomadland” e “Bela Vingança” venceram no Sindicato dos Roteiristas nas categorias de adaptado e original, respectivamente. Como os votantes são o mesmo do Oscar, e ambos os filmes foram reconhecidos nas categorias em outras premiações, eles são favoritos disparados.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Enquanto muitos acreditam que “Mank” será esnobado, mas provavelmente a produção de David Fincher se consagre em design de produção e fotografia, por conseguir recriar toda a dinâmica de um filme dos anos 30 (época que foi realizado e lançado “Cidadão Kane”). Inclusive só não levará em som, pois “Sound of Metal” possui um trabalho excelente ao captar a acústica de um deficiente auditivo. E outro título da Netflix que não sairá de mãos abanando é “Os 7 de Chicago“, cuja edição consegue ser um dos principais destaques na concepção da trama e será reconhecida com mérito (mas ainda há chances de “Meu Pai” levar nesta).
Falando em acústica em trilha sonora provavelmente veremos “Soul” sendo reconhecido (afinal qualquer melodia que fique em nossa mente, acaba sendo reconhecida na categoria), e em canção original veremos a vitória de “Speak Now”, de “Uma Noite em Miami…” (vamos e venhamos, qualquer canção que envolva questões raciais e afins, já é favorita ao ser indicada).
Agora na concepção física que aflige os atores que são o figurino, maquiagem e cabelo, sempre podemos afirmar que um filme de época é o favorito. MAS devo confessar que dentre “Emma” e “Mulan“, escolho a segunda, pelo diferencial em seu figurino. Já em maquiagem e cabelo, só pelo simples detalhe em mudarem totalmente a atriz Viola Davis, este filme já era um favorito há tempos.
Partindo para filme estrangeiro, “Druk – Mais Uma Rodada” é o mais divertido de todos os indicados e vem sendo reconhecido mundialmente. Sem dúvidas o prêmio é dele, mas um detalhe interessante é que nesta categoria vemos a indicação do documentário “Collective”, ou seja, esse fator é o principal indício que este já venceu nessa categoria citada.
Em curta-metragem de animação é muito certo que “Burrow” vença por um simples fator: é uma produção Disney/Pixar. Enquanto como curta-metragem em live-action, a Netflix tem feito um forte apelo na campanha de “Two Distant Strangers” e devido a temática ele provavelmente leve. O mesmo pode-se dizer do documentário em curta metragem “A Love Song For Latasha”.
Lembrando que a premiação do Oscar acontecerá neste domingo, 25 de abril, às 22 horas, com transmissão pela TNT. O Engenharia do Cinema também irá cobrir a mesma no Facebook e Instagram.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.