Crítica - O Auto da Boa Mentira - Engenharia do Cinema
Baseado nos contos de Ariano Suassuna, o longa “O Auto da Boa Mentira” pode-se dizer que não é exatamente um longa-metragem de comédia, mas sim uma produção dividida em quatro esquetes dos mais distintos gêneros dramáticos. Com nomes de peso como Leandro Hassum, Nanda Costa, Renato Góes, Cassia Kis e Luís Miranda, elas só funcionam se você possui uma base sobre quem era Ariano (que aparece aqui brevemente na transição entre as histórias).
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
A primeira esquete mostra o pacato Helder (Hassum), que é confundido com um famoso humorista e acaba “assumindo” a identidade do próprio para usufruir um pouco do seu glamour; A segunda mostra Fabiano (Renato Góes) um homem que se vê intrigado com um palhaço em um circo, pelo qual ele acredita ter uma relação com a sua mãe mãe (Cássia Kis); A terceira mostra o gringo Pierce (Chris Mason) que apesar de ser metido a carioca, “trabalha” como guia turístico no Rio de Janeiro e por conta de suas mentiras acaba tendo problemas com o chefe do tráfico (Jesuíta Barbosa); Já a última vemos a estagiária Lorena (Cacá Ottoni), que é tratada como “invisível” na empresa em que trabalha por conta de não ter um estilo de vida burguês de seus colegas.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
Dirigido por José Eduardo Belmonte, a sensação que temos é de que este tipo de produção funcionaria melhor e mais plausível como um seriado. Com quatro histórias totalmente distintas, apenas com as duas primeiras conseguimos criar uma afeição e um interesse pelas narrativas (já que ambas souberam trabalhar seus enredos devidamente). Enquanto as outras duas, são totalmente forçadas e se assemelhando a uma esquete pobre da “Porta dos Fundos“. Isso notoriamente aconteceu devido a uma possível desavença na roteirização do trio João Falcão, Tatiana Maciel e Célio Porto (que não devem ter entrado em um consenso sobre qual gênero a produção iria tomar, se seria da comédia ou do drama).
Apesar de ser uma interessante homenagem e “apresentação” do poeta Ariano Suassuna para a nova geração, “O Auto da Boa Mentira” é o típico longa que funcionaria perfeitamente como um seriado para o Globoplay ao invés de um longa metragem para os cinemas.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.