Crítica - Boogie Nights: Prazer Sem Limites - Engenharia do Cinema
Lançado em 1997, “Boogie Nights: Prazer Sem Limites” foi o segundo longa na carreira do cineasta Paul Thomas Anderson. Rendendo três indicações ao Oscar (Ator Coadjuvante – Burt Reynolds, Atriz Coadjuvante Julianne Moore e Roteiro Original), pode-se dizer que essa produção se lançada hoje em dia não teria tantos “problemas e polêmicas” em relação a época que foi lançado (em pleno anos 90, onde o cinema pornográfico não era tão popular e exposto quanto é hoje) como a própria família da atriz Heather Graham ter deixado de falar com ela por conta de seu icônico papel aqui (que viveu a fictícia atriz pornográfica Patinadora, que chega a roubar a cena) que foi justamente responsável por alavancar sua carreira. Fora isso, é consenso geral que muitos cinéfilos possuem carinho por “Boogie Nights” por vários motivos.
Imagem: New Line Cinema (Divulgação)
A história gira em torno do jovem Eddie (Mark Wahlberg), que durante seu trabalho é descoberto pelo cineasta pornográfico Jack (Burt Reynolds). Após comprovar o tamanho do “talento” daquele, este consegue o convencer a protagonizar seus filmes e o acaba transformando em um dos maiores astros do ramo. Só que vemos que da mesma forma que o sucesso aparece sobre Eddie, ele também pode diminuir em sua vida.
Imagem: New Line Cinema (Divulgação)
Com um imenso clima de filme dos anos 70, vemos que Anderson teve dois cuidados extremos neste filme: não transformar a obra em uma pornochanchada e até mesmo em algo bastante explícito. Como estamos falando de uma obra que gira em torno do universo pornográfico, há sim cenas de sexo, nudez e afins. Só que nada disso chega a ser tão gritante ou incômodo como algumas produções dramatúrgicas. Tanto que o próprio roteiro utiliza esse cenário apenas para traçar várias histórias distintas e interligá-las com este plano de fundo.
Seja a vida do próprio Eddie (que acaba sendo mais um nome apenas, e não o protagonista), os dramas pessoais com as atrizes Amber (Julianne Moore) e Patinadora (Heather Graham), a hesitação de Jack em tentar aceitar que o cinema estava evoluindo para os lançamentos VHS (algo que o próprio Anderson aborda muito bem, durante boa parte do filme) e dos ciúmes de alguns produtores deste tipo de produção como Little Bill (William H. Macy). Até mesmo o racismo que estava em seu ápice na época, por intermédio do personagem Buck Swope (Don Cheadle). A mágica do filme está neste quesito, pois estamos falando de várias histórias que conseguem ser elaboradas em 155 minutos (algo que sequer 10% dos filmes conseguem fazer devidamente).
Aos que estão começando a trabalhar na concepção de roteiros “Boogie Nights: Prazer Sem Limites”, é uma verdadeira aula de escrita e de cinema.
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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.