Crítica - A Conversação - Engenharia do Cinema
Realizado pelo cineasta Francis Ford Coppola no intervalo entre os dois primeiros “O Poderoso Chefão“, este “A Conversação” pode-se dizer que é seu filme mais “calmo e simples”. Digo isso com total segurança (sem mensurar as indicações deste para a Palma de Ouro em Cannes, e ao Oscar como filme, roteiro original e som), pois após vermos vários suspenses e tramas policiais se passando em diferentes cenários, épocas e situações, agora temos um enredo que consegue captar seu espectador pelo simples fato do “jogo psicológico” criado por Coppola desde o princípio.
Imagem: (Divulgação)
A história gira em torno do pacato e misterioso Harry Caul (Gene Hackman), que trabalha como detetive para as mais diversas pessoas. Tendo um complicado problema de TOC por conta disso, ele vê sua vida piorar e virar de cabeça para baixo quando começa a se envolver em um dos seus trabalhos, pois ele acredita que acabou auxiliando em uma situação de assassinato.
Imagem: (Divulgação)
Com um dos melhores trabalhos na carreira de Hackman, seu personagem carrega com si um enorme mistério e é notório que ele não é só um workaholic, e sim um homem repleto de problemas psicológicos (vide uma cena onde ele não consegue se focar apenas em se relacionar amorosamente com uma mulher, quando não está trabalhando). Só que como estamos falando em um arco de suspense grandioso estabelecido por Coppola, ele não só faz todos os coadjuvantes serem suspeitos dos atos, mas também o próprio Harry também causa uma sensação de dúvida no espectador.
“Mas você falou que este é o filme mais simples do Coppola. Como pode definir isso?” Estamos falando de uma trama que consegue ser totalmente feita em cerca de cinco/seis cenários distintos e toda carga sendo despejada para as próprias atuações. Um exemplo disso é o secretário Martin Stett (vivido por um Harrison Ford, em início de carreira), pelo qual em todas suas cenas o ar de dúvida por suas atitudes é uma incógnita é a última cena.
“A Conversação” é um ótimo suspense, e que mostra o talento de Coppola para tramas que não necessitam de muita complexidade em sua execução.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.