Crítica - Space Jam: Um Novo Legado - Engenharia do Cinema
Este é aquele típico caso de projeto que vem sendo discutido há mais de 20 anos dentro da Warner Bros. Quando foi confirmado em 2014, parecia que ele iria honrar a clássica produção estrelada por Michael Jordan e os Looney Tunes. Só que “Space Jam: Um Novo Legado” se mostrou algo completamente problemático durante sua concepção (pelo visto eles não teimam apenas com o universo DC). Sendo originalmente dirigido por Terence Nance, este caiu fora durante o desenvolvimento do mesmo (devido a diversas divergências criativas com os produtores, mas continua creditado como um dos seis roteiristas) e foi substituído às pressas por Malcolm D. Lee (“Todo Mundo em Pânico 5”).
Antes fosse este o problema inicial, pois estamos falando de um longa que sofreu demais por causa da cartilha do politicamente correto. Com a exclusão de personagens como Pepe Le Pew e por um triz não tiraram o Ligeirinho (por causa da “apropriação cultural”), já sentimos o nível desta produção antes mesmo dela ser lançada nos cinemas. Só que os roteiristas parecem terem medo de enfrentarem a “galerinha” citada e nos brindam com várias situações inacabadas, inexplicáveis e facilidades narrativas que não apelam em nenhum momento para o humor clássico dos Looney Tunes (muito menos para os próprios personagens que a Warner possui os direitos).
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
A trama mostra o sistema operacional da Warner, Al G. (Don Cheadle) que bola um plano para conseguir atrair o próprio LeBron James para o estúdio e conquistar créditos por seus trabalhos no estúdio. Só que após este ser convocado para uma reunião e não aprovar o projeto de Al G. ele o coloca dentro do sistema operacional da Warner Bros, junto de seu filho Dom (Cedric Joe). No local ambos são separados este, que desafia James para uma partida de basquete valendo a sua liberdade. Para isso ele acaba sendo transportado para o mundo dos Looney Tunes e se junta a Pernalonga para tentarem montar o time perfeito.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
Usufruindo de diversos easter-eggs e cenas cujos arcos claramente não estão completados (devido a uma notável edição e roteirização confusa), os produtores deste filme conseguiram ser mais vilões que o próprio personagem de Cheadle. Desde sua motivação extremamente rasteira (o famoso “porque sim, e acabou!”), até mesmo uma divertida cena envolvendo os Looney Tunes dentro dos filmes clássicos do estúdio (que poderiam ter rendido bons momentos, mas dura menos de cinco minutos), tudo é má executado e parece estarmos vendo um filme feito apenas para “atrair o público pelo seu nome”.
Quem cresceu nos anos 90/2000, certamente deve ter visto inúmeras vezes o longa nas sessões do SBT e pelo menos tem alguma cena marcante em sua mente (inclusive a música tema, que até hoje faz sucesso). Só que nesta nova versão dificilmente conseguimos captar algo que faça ser a marca do “Space Jam do LeBron James”, pois tudo é meramente esquecível e alguns personagens sequer são explorados (o próprio Patolino, sequer aparece direito)
“Space Jam: Um Novo Legado” consegue ser mais um exemplo de filme que não só se afeta pelo politicamente correto, mas sim por uma equipe de produtores engravatados que realmente não entendem nada sobre cinema e “Looney Tunes”.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.