Crítica - Infiltrado - Engenharia do Cinema
Responsável por ter lançado em Hollywood o astro de ação Jason Statham, o cineasta Guy Ritchie ficou quase 15 anos sem ter trabalhado com o mesmo (Desde “Revolver”, de 2005). Após sofrer constantes adiamentos por conta da pandemia, “Infiltrado” marca o primeiro filme deles juntos após este hiato (lembrando que o segundo, já está sendo gravado neste instante e o lançamento está previsto para 2022), e sem dúvidas não seria uma produção tão emocionante se tivesse caído em outras mãos.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
Baseado no longa francês de 2004, “Assalto ao Carro Forte”, a história tem início com o misterioso Harry (Statham) se habilitando para trabalhar em uma poderosa agência de carros fortes. Após se mostrar um hábil funcionário e extremamente profissional, ele passa a aparentar que esconde um misterioso segredo e passado.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
Já sabemos que veremos uma produção bastante diferente da habitual, logo em seus primeiros minutos de projeção, pois Ritchie filma uma cena de assalto de uma forma bastante diferente com uma câmera onipresente, dentro do bagageiro de um carro forte. Durando cerca de cinco minutos, em momento algum ele opta por tentar mudar o estilo e fica focado apenas neste cenário. A complexidade da situação e explicações, surgem como uma flor nascendo, pois o roteiro de autoria do próprio com Ivan Atkinson e Marn Davies explora os três pontos de vista da situação: da agência, do personagem de Statham e dos próprios ladrões.
Todos os três acabaram sendo afetados de forma grave pelo contexto, e o texto explora com compaixão o lado humano de cada um deles. Apesar de Statham ser o Statham aqui também (com sua cara sempre séria e sendo um ninja nas horas certas), a compaixão se dá pelo roteiro conseguir prender os próprios personagens dentro de um arco repleto de situações sendo bem aproveitadas.
O destaque se dá também para o fato de que Ritchie consegue realizar as cenas de ação em uma única tacada, não fazendo intercalações desnecessárias e passando para outros fatos (estes são apresentados de forma devida, e raramente ele erra a mão nestes momentos). Porém o único erro da produção é ter escalado nomes fortes como Andy Garcia e Josh Hartnett em papéis bastante fracos e pouco explorados, enquanto a surpresa cai no colo de Scott Eastwood (no melhor papel de sua carreira).
“Infiltrado” é um filme que foi vendido da maneira errada, e por conta disso acaba surpreendendo o espectador por conta do estilo de narrativa clássico de Guy Ritchie.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.