Crítica - No Ritmo do Coração - Engenharia do Cinema
Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Sundance deste ano, “No Ritmo do Coração” foi adquirido pela Apple TV+ e distribuído pela plataforma de streaming em boa parte do mundo. Mas na América Latina a função caiu para a Diamond Films, que o lançou nos cinemas com um marketing ferrenho sobre o assunto (que cada vez se tornou mais raro nos cinemas): o trio protagonista sendo composto por atores surdos e mudos. Compostos pela vencedora do Oscar Marlee Matlin (por “Gritos do Silêncio“), Troy Kotsur e Daniel Durant, este é um drama com toques de comédia que foi tratado como uma espécie de reboot do francês “A Família Bélier” (com o diferencial que os protagonistas não eram atores realmente deficientes).
Imagem: Diamond Films (Divulgação)
A história mostra a família Rossi, que é composta pelo casal Frank (Kotsur), Jackie (Matlin) e seus filhos Leo (Durant) e Rubi (Emilia Jones). Ela poderia ser como outra qualquer, porém os três primeiros sofrem de problemas de fala e audição, o que faz a última ser a tradutora deles para a sociedade. Mas tudo muda quando surge a oportunidade dela começar a estudar música, justamente quando sua família acaba tendo uma situação profissional mais delicada no ramo de pescaria.
Imagem: Diamond Films (Divulgação)
Escrito e dirigido por Sian Heder, vemos que ele é um cineasta que se preocupa exatamente com os mínimos detalhes na hora de conceber um universo onde temos protagonistas usando apenas a linguagem de libras para se comunicar (inclusive ela é predominante durante boa parte da produção). Seja uma cena no jantar, uma conversa informal, um encontro amoroso ou até mesmo uma reunião de negócios, tudo é adaptado para o constrangimento e delicadeza que esta parcela vive realmente diante de pessoas com a qualidade. Vivemos na pele o que o trio vivencia, embora já estejamos ciente o quão clichê é o escopo central.
Mas o mérito decai mesmo em cima da atriz Emilia Jones, que teve de aprender a linguagem de libras durante seis meses, assim como o canto para poder estrelar este filme (e confesso, que seu papel é bastante difícil por conta destes fatores). Realmente em momento algum ela nos entrega algo que seja canastrice ou até mesmo forçado. Acredito que futuramente ainda vamos ouvir falar muito dela em outras produções.
“No Ritmo do Coração” é aquela típica produção que merece ser conferida, pois além de nos trazer uma enorme sensação de leveza, consegue até mesmo tirar lágrimas com tamanha emoção que é transposta.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.
No ritmo do coração Essa atriz tá de parabéns porque se fosse eu não ia conseguir 6 meses fazer o papel surda e muda que ela fez tem pessoas que nasce para isso.