Crítica - Uma Noite de Crimes: A Fronteira - Engenharia do Cinema
Após quatro filmes de extremo sucesso, a Universal Pictures lançou agora o quinto filme da franquia “Uma Noite de Crimes“, procurando inovar dentro da clássica premissa de “apenas uma noite com todos os crimes liberados” (ou como o próprio enredo rotulou, “A Noite do Expurgo”). Mesmo se tornando uma nova galinha dos ovos de ouro para o estúdio e os produtores Michael Bay e Jason Blum, ficou notório que não há mais o que se explorar neste enredo. Agora o roteirista James DeMonaco (também responsável pelos outros longas e criação deste universo), foi mais além e resolveu colocar o fato não só em um período, mas durante “todo o dia” (dando “Adeus” para o significado do nome, agora).
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
A história já começa dando ênfase que a noite de crimes foi absolutamente “normal”, com várias pessoas se protegendo em suas casas, assim como um grupo de imigrantes mexicanos que querem voltar para o seu país. Só que tudo vira de pernas para o ar, quando a população decide em não acabar com o fatídico evento do “Expurgo”. Então novamente vemos um grupo de pessoas com personalidades distintas, tentando sobreviver aos assassinos onipresentes.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Para quem acompanha a franquia desde seu primórdio, pode-se dizer que este foi mais político que os antecessores. Concebido para ser lançado na época das eleições presidenciáveis de 2020 (algo que não ocorreu, por conta da pandemia), é notório que estamos falando de um filme com o único foco de fazer um debate englobando a xenofobia dos estadunidenses com os mexicanos (inclusive há cenas justificando que o expurgo foi feito para esse assunto ser resolvido por meios de violência).
Porém devido a concepção pobre de alguns personagens como a mexicana Adela (Ana de la Reguera) e o rancheiro Dylan (Josh Lucas), que são vendidos como protagonistas pelo próprio enredo, não conseguimos sentir proximidade nenhuma com eles (a primeira inclusive, não entendemos direito suas motivações).
“Uma Noite de Crime: A Fronteira” foi concebido como um filme político, que chegou quase um ano depois das eleições dos EUA. Certamente não ia dar certo essa iniciativa.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.