Crítica - O Culpado - Engenharia do Cinema
Após fazer um enorme sucesso em festivais de cinema pelo mundo, em meados de 2018, era óbvio que Hollywood iria fazer uma refilmagem do longa de Gustav Möller, “Culpa“. Lançado mundialmente pela Netflix, e agora tendo como protagonista o ator Jake Gyllenhaal, e na função de diretor Antoine Fuqua (que já havia trabalhado com aquele, em “Nocaute“), estamos falando do clássico contexto onde “quem não viu o original, vai gostar e quem já viu, vai achar a mesma coisa”. Como já havia visto a produção dinamarquesa que Fuqua usa como base, tenho um sentimento mais amplo sobre este projeto.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Se passando em uma central telefônica de uma delegacia de polícia, acompanhamos Joe (Gyllenhaal) que está atendendo diversas ocorrências devido a um perigoso incêndio que está em andamento em sua cidade. Só que um caso envolvendo uma jovem garota, começa a chamar sua atenção e ele resolve ajudá-la por conta própria por intermédio da chamada telefônica.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Apesar de estarmos falando do clássico contexto de “filme de um único cenário e ator”, não conseguimos criar uma empatia pelo contexto da trama, uma vez que já havíamos comprado a trama original e toda sua premissa (que agora é novamente a mesma). Gyllenhaal realmente segura o longa nas costas, pois o protagonismo é dele (uma vez que atores como Peter Sarsgaard, Riley Keough e Ethan Hawke aparecem apenas com suas vozes, nas ligações feitas por Joe).
Mas como estamos falando de um filme cuja tensão deve ser criada nos diálogos, isso acaba não funcionando pelo simples motivo que Fuqua não cria uma sensação de claustrofobia na narrativa (uma vez que o protagonista não deve largar a chamada telefônica). Faltou esse sentimento crucial que Möller havia criado no filme de 2018.
“O Culpado” é mais um remake hollywoodiano desnecessário e outro sinal que a indústria deve aceitar cruzar a barreira das legendas, para aproveitar ótimos projetos.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.