Revisando "Pânico" - Engenharia do Cinema
Lançado em 1996, o primeiro “Pânico” foi uma verdadeira revolução no cinema e no gênero slasher (que são filmes onde mostram assassinos mascarados que matam por matar). Escrito por Kevin Williamson ele conseguiu captar a atenção de seu próprio público logo nos primeiros minutos de projeção, por ter vendido em posters (como este acima) e afins que Drew Barrymore seria a protagonista e não morta nos cinco minutos iniciais.
Após chegarem a cogitar a direção ser assinada por nomes como Robert Rodriguez (que no segundo dirigiu o filme falso, “Facada 2“), Danny Boyle, George A. Romero e Sam Raimi, Williamson viu que todos acreditavam se tratar de uma comédia e não uma produção de horror. Foi quando ele viu o carinho e potencial que o veterano Wes Craven (responsável por ter criado a franquia “A Hora do Pesadelo“), notou no projeto. Então ele acabou sendo escalado para a função. O resto acabou sendo história, pois o longa foi lançado nos EUA no período natalino e junto de aclamados filmes como “Marte Ataca!” e “Jerry Maguire“, rendendo US$ 173 milhões mundialmente, custando apenas US$ 14 milhões para os bolsos da Miramax.
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
A história mostra uma série de assassinatos que começam a acontecer com várias pessoas na pequena cidade de Woodsboro. Só que todos estes têm ligações com a jovem Sidney (Neve Campbell), que cada vez mais passa a ser ameaçada pelo assassino Ghostface.
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
Uma das coisas mais divertidas nesta produção é a famosa caracterização de “atores na faixa dos 30 anos, vivendo adolescentes de 15/17 anos” (que acabou sendo uma das maiores piadas na indústria, nos anos posteriores). Todos nós conseguimos identificar algum amigo ou conhecido nos personagens, principalmente com o cinéfilo nerd Randy (interpretado por Jamie Kennedy, que improvisou na maioria de suas cenas).
Com relação à protagonista, o processo foi bastante árduo até chegarem em Campbell para viver Sidney (já que a atriz não queria o papel, por não gostar de filmes de terror), os produtores correram atrás de nomes como Reese Witherspoon, Melissa Joan Hart, Brittany Murphy e Melanie Lynske para ver se elas queriam o manto (e nenhuma aceitou). Foi quando seu colega de elenco em “Jovens Bruxas“, Skeet Ulrich, lhe convenceu para aceitar o papel (e ele viveria justamente seu namorado aqui).
Curiosamente o intérprete do policial Dewey, David Arquette, seria o que assumiu posteriormente Ulrich. Mas todos achavam que ele teria um potencial mais aproveitado como o “desleixado policial”. Enquanto Courtney Cox (que mais tarde viraria esposa de Arquette, na vida real) topou entrar no filme, apenas para fugir do estereótipo da sua personagem na série “Friends”, Mônica.
Mas afinal, “o que faz de Pânico um filme tão marcante em meio a tantos parecidos?”. Ele foi lançado em uma época onde os filmes sobre “grupos de adolescentes” faziam sucesso nos cinemas e produções como “A Hora do Pesadelo“, “Sexta-Feira 13” e “Halloween” (este inclusive inspirou o roteirista na concepção aqui), estavam escassos e caindo no “esquecimento do público”. Foi quando uma produção chegou juntando estes dois estilos (inclusive foi considerado arriscado, na época), e o resto sabemos que foi história.
Quase 25 anos depois de ter sido lançado, “Pânico” ainda possui uma legião de fãs e até hoje não deixa de ser uma produção bastante atual. Vida longa ao Ghostface!
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.