Revisando "Pânico 3" - Engenharia do Cinema
Confesso que falar sobre “Pânico 3” é uma tarefa bastante árdua, ainda mais se falando de “recapitulação da franquia”. Considerado por muitos (Assim como este que vos fala), como o pior de todos e até hoje parece que o arco foi completamente deixado pra escanteio (como o fato de Dewey só mancar neste filme e o personagem de Patrick Dempsey tem literalmente “sumido” no contexto do quarto filme). Porém quase 20 anos depois de seu lançamento foi descoberto que o roteiro de Ehren Kruger (já que o responsável pelos dois primeiros, o roteirista Kevin Williamson voltaria só como produtor) foi concebido com ácidas críticas aos comportamentos abusivos de Harvey Weinstein (inclusive com várias atrizes da franquia “Pânico”).
Mesmo com uma qualidade bastante pífia, a produção rendeu mundialmente US$ 161 milhões e custou apenas US$ 40 milhões para os bolsos da Miramax. Isso sem contar que foi um dos filmes mais “fáceis” de serem feitos da franquia, pois muitas das cenas aproveitaram bastidores de outras produções do estúdio (já que o próprio se passa nos bastidores de um filme de Hollywood), para fazerem determinados arcos. Tanto que em uma cena vemos os personagens Jay e Silent Bob, que na época estavam protagonizando “O Império do Besteirol Americano Contra-Ataca“, que estava sendo gravado no mesmo local. Já em outro momento, a própria cena de clímax eles utilizaram exatamente a mesma casa do longa “Halloween H20: Vinte Anos Depois” (tanto que a própria Jamie Lee Curtis foi convidada para fazer uma ponta e não aceitou o convite), de 1998.
Imagem: Lionsgate (Divulgação)
A história tem inicio quando um inescrupuloso cineasta decide realizar mais um filme contando os fatos mostrados com Sidney (Neve Campbell) nos outros longas da franquia. Só que uma série de assassinatos cometidos pelo Ghostface começam a acontecer nos sets de filmagem, além de voltar a atormentar a própria Sidney. Então com a jornalista Gale (Courtney Cox) e o policial Dewey (David Arquette), eles começam a investigar o que movimentou tudo isso.
Imagem: Lionsgate (Divulgação)
Realmente não havia justificava bastante plausível para este filme existir, pois além de nos brindar com situações bastante precárias e irrelevantes em relação aos dois primeiros, temos os coadjuvantes (ou devemos dizer vitimas) mais chatos de toda franquia (e olha que estou incluindo o quarto filme). Isso pode ser visto logo nos primeiros minutos com as personagens de Jenny McCarthy, Emily Mortimer e Parker Posey, pelos quais são extremamente irritantes e só comprovam o quão o ar forçado nos sets desta própria produção (que já estava enfrentando os diversos problemas com Harvey Weinstein).
Com relação ao mistério de “quem é o assassino” realmente também foi o mais porcamente feito, pois logo na metade da produção já conseguimos decifrar quem é o dito cujo, com o minimo de bom senso (já que o próprio personagem deixa isso evidente por boa parte do filme). Pior que a verdadeira motivação dele, é tão mal executada que a única coisa que vem à mente é “realmente isso foi feito por questões contratuais”.
“Pânico 3” foi feito apenas para cumprir uma tabela contratual e isso fica nítido por conta de sua qualidade bastante inferior aos outros.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.