Crítica - Exército de Ladrões: Invasão da Europa - Engenharia do Cinema
Sendo lançado como um prólogo do recente “Army of The Dead“, “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” sofre do mesmo problema da produção da Marvel, “Viúva Negra“, pois já começamos ambas as produções cientes do destino do protagonista naquele universo. No caso, por mais que o personagem Dieter (vivido por Matthias Schweighöfer, que também assina a direção aqui) tenha roubado a cena na produção de Zack Snyder, teria sido melhor que este filme fosse lançado antes que o longa de zumbis.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Já alerto a você que a trama começa no exato ponto quando Las Vegas é infectada pelo vírus zumbi, porém no outro lado do globo (que acompanha o fato apenas por noticiários), onde acompanhamos o tímido alemão Dieter trabalhando em uma pacata vida em uma agência bancária, mas se mostrando um ávido mestre em desvendar segredos de cofres. É quando a misteriosa Gwendoline (Nathalie Emmanuel) lhe convoca para auxiliar uma série de roubos que será feita por ela e sua gangue, em plena Europa.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Sim, estamos falando de uma clássica produção que envolve roubos ao invés de zumbis. Por isso, se você estava achando que veria toques de terror, com certeza vai se chatear bastante. Apesar de o roteiro de Snyder e Shay Hatten desenvolver bastante o personagem Dieter, uma lástima acaba sendo colocada na produção por conta de um simples fator “não havia necessidade desta história ser contada, pois já sabemos os rumos do personagem após ‘Army of The Dead‘”. Confesso que este pensamento teve de ser deixado de lado, pois a imersão na narrativa não iria ser tão satisfatória.
No desenvolvimento dos outros personagens, confesso que a dupla não pode ser definida como um grande exemplo em estabelecer pessoas que nos cative. Este erro já havia sido cometido no longa antecessor, e permanece aqui, inclusive jogo destaque para a personagem brasileira Korina (onde eles resolveram escalar a atriz Ruby O. Fee, nascida na Costa Rica). Apesar dela falar bem algumas frases em português, não há aquela malícia da nossa nacionalidade no olhar de Fee.
Apesar de ter um ótimo timing cômico como ator, parece que como diretor Schweighöfer teme em arriscar algumas técnicas que seriam interessantes de serem vistas (como a cena de roubo em primeira pessoa, pelo qual ele abandona o recurso sem motivo algo), e tenta ser apenas operante como um “diretor de filme de roubo” e bebendo bastante da fórmula de Guy Ritchie (como apresentar os personagens em formatos de cartoons e apelar para piadas de humor negro, sempre quando houver a chance).
Mesmo sendo o segundo projeto da Netflix em torno da franquia “Army of The Dead” (que ainda contará com uma continuação desta, série em anime e outros filmes de spin-off), “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” consegue apenas ser um divertido filme de roubo, melhor que o longa de Snyder e nada mais além disso.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.