Crítica - Os Eternos - Engenharia do Cinema
Realmente “Os Eternos” é o maior divisor de águas em todos os filmes já lançados pela Marvel Studios, nestes últimos 13 anos. Facilmente sendo encaixado na frase “ame ou odeie”, o longa de Chloé Zhao (vencedora do Oscar deste ano, por “Nomadland“) funciona como um “Os Dez Mandamentos” dirigido por Cecil B. DeMille, e até mesmo o clássico “A Bíblia” de John Huston. Enquanto ambos mostravam homeopaticamente as origens da humanidade, Zhao mostra como começou a trajetória dos heróis no universo da Marvel, desde o início dos tempos.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
O enredo é focado em um grupo de heróis milenares, onde desde o início dos tempos lutaram contra seres conhecidos Deviantes. Com suas trajetórias sendo intercaladas entre o passado e presente, vemos que até hoje eles atuam na terra em diferentes situações. Não entrarei em mais detalhes, pois seria território de spoilers (e neste filme, há vários).
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
Há alguns anos, o próprio Presidente da Marvel, Kevin Feige, havia dito que o estúdio não abordaria mais histórias de origem de seus novos personagens, em hipótese alguma. Ciente deste fator, Zhao opta por conduzir em uma eletrizante cena de ação para captar a atenção do espectador nos primeiros minutos. Mesmo com ela sendo bem conduzida nos efeitos visuais e retratação, sentimos que será totalmente diferente do que já vimos na Marvel.
Mas ao invés dela focar em contar a trajetória individual destes personagens, ela os retrata sempre como se fossem um conjunto (onde um, sempre depende do outro para conseguir realizar suas metas). Embora o roteiro (escrito pela própria com Patrick Burleigh, Ryan Firpo e Kaz Firpo), jogue a função de protagonismo para a personagem de Gemma Chan (Sesi), que está bem no papel.
Como estamos falando de um filme da Marvel, há alguns alívios cômicos vindo da parte de Kumail Nanjiani (Kingo) e Harish Patel (que interpreta o assistente de Kingo, Karun), mas eles não são exaustivos, muito menos tediosos como algumas produções da marca. Tudo é apresentado na medida certa. O mesmo pode-se dizer dos efeitos visuais e cenas de ação, onde após vermos uma produção bastante mediana em “Shang-Chi“, agora o trabalho consegue ser feito com maestria (principalmente na recriação de vários locais que existiam há 5000 anos).
“Os Eternos” realmente consegue ser o grande épico da Marvel, mas por conta deste fator poderá atrapalhar a experiência de quem acha que irá ver algo do “padrão Marvel de cinema”.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.