Crítica - Ferida - Engenharia do Cinema
Apesar de ter ficado quase um ano na geladeira, por conta de não ter conseguido uma distribuidora, o longa de estreia da atriz Halle Berry como diretora foi adquirido pela Netflix. Mesmo com a plataforma tentando criar um ar de “filme de Oscar”, “Ferida” é o típico filme clichê de esporte, pois enquanto um estúdio nos lança uma produção como “King Richard“, o outro nos chega com esta produção que possui todos os arcos já conhecidos e uma trama totalmente desinteressante e amadora.
Imagem: Netflix (Divulgação)
O enredo mostra a aposentada lutadora Jackie Justice, onde após uma enorme onda de sucesso, vive de maneira precária e desempregada. Mas tudo em sua vida muda quando sua mãe aparece com o garoto Many (Danny Boyd Jr.), e alega que ele é seu filho. Mesmo sem acreditar na situação, ela acaba aos poucos voltando a se aproximar do garoto e tenta realocar sua vida nos ringues.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Lembre dos clássicos “Rocky“, “Touro Indomável“, “Ali” e até mesmo “A Procura da Felicidade“. Agora jogue em um liquidificador, bata tudo e coloque em um copo. Então temos o roteiro de Michelle Rosenfarb, que não é nada original ou até mesmo convincente em sua abordagem, pois em momento algum criamos afeição ou interesse pelos personagens. Para piorar Berry não se mostra como uma boa diretora, pois ela visivelmente não sabia como realizar cenas de luta (pelas quais as coreografias são bastante pobres, e quando não haviam as mesmas, era feito um enquadramento no rosto de algum personagem que estava batendo), assim como as dramáticas (já que em cada situação ela opta por um enquadramento diferente).
Para não falar que tudo estava realmente perdido, Rosenfarb ainda aposta em um romance na metade pro final do longa, que soa de maneira totalmente forçada e até chega brevemente a mudar o rumo da produção (que era sobre mãe e filho). Em contexto geral vemos que certamente esse filme deve ter acontecido por causa do desejo antigo de Berry em ser diretora, e alguns amigos apostaram neste sonho dela (que ainda precisa de muita prática para dar certo).
“Ferida” acaba sendo exatamente como o próprio nome diz, ou seja, é uma verdadeira “Ferida no catálogo da Netflix”.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.