Crítica - Morte no Nilo - Engenharia do Cinema
Adiado por quase dois anos por conta da pandemia, finalmente chegou aos cinemas a nova aventura do detetive Hercule Poirot, criado por Agatha Christie. Novamente sendo interpretado por Kenneth Branagh, que continua assumindo a direção da franquia, confesso que “Morte No Nilo” não foge do paradigma proposto pelo seu primórdio, “O Assassinato no Expresso Oriente“, em 2017: um filme com um grandioso elenco, englobado em uma trama repleta de mistério e que mexe com nossas emoções e raciocínio.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
A história começa em plenos anos 30, quando Pirot acaba acompanhando o casal Simon Doyle (Armie Hammer) e Linnet Ridgeway (Gal Gadot), em suas festividades do seu casório, no Nilo. Acompanhados de vários amigos e pessoas próximas, todos acabam virando suspeitos quando um assassinato misterioso ocorre.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
Não é novidade que Branagh é um dramaturgo shakespeariano, desde seus primórdios na área e aqui não poderia ser diferente. Desde enquadramentos em personagens chaves, até uma excêntrica melodia (assinada novamente por Patrick Doyle) quando há alguma cena de morte. Só que ele faz isso funcionar, pois ele apresenta muito bem o contexto da trama e dos personagens, antes de começar a ação central do filme.
Porém, como vivemos em uma geração pela qual o espectador quer uma resposta e solução rápida, isso não pode soar algo divertido dependendo do tipo de público (tanto que alguns podem cair no sono, nas primeiras horas de projeção). Mas quando o arco central está prestes a ocorrer, o ritmo é acelerado e nós ficamos cada vez mais curiosos para saber “quem realmente é o assassino?”.
Isso só perde um pouco da força, quando o arco é intercalado brevemente com uma subtrama fraca envolvendo “amores perdidos” de alguns personagens (não vou entrar em spoilers, mas quem viu o filme, já sabe o que estou falando). Assim como o fraco CGI para “representar” alguns locais do Egito, que é perceptível o uso de tela verde.
No quesito de atuações, pode-se dizer que Branagh nasceu para interpretar Pirot e realmente tem a presença que este personagem necessita. E deste quesito ele realmente entende, pois soube usar isso à favor de nomes como Gal Gadot, Armie Hammer e Emma Mackey (“Sem Education”). Enquanto os coadjuvantes vividos por nomes como Annette Bening, Rose Leslie, Letitia Wright, Sophie Okonedo e Russell Brand, decaem para escanteio e só aparecem quando é necessário.
“Morte No Nilo” consegue divertir e entreter quem procura um longa de suspense e investigação, com pitadas de um elenco estrelar.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.