Crítica - Pam & Tommy - Engenharia do Cinema
Durante os anos 90, o mundo acabou presenciando o caso da atriz Pamela Anderson e o roqueiro Tommy Lee, que tiveram sua sex-tape vazada e comercializada por diversos meios. A situação acabou gerando bastante polêmica e muitos problemas para ambos. Quase 30 anos depois do ocorrido, a série “Pam & Tommy” retrata a história com uma ácida pegada de humor negro/nonsense. Sendo vividos por Lily James e Sebastian Stan, facilmente conseguimos comprar o enredo devido ao enorme carisma da dupla.
Imagem: Hulu/Star+ (Divulgação)
Inspirado no artigo de Amanda Chicago Lewis, a minissérie mostra como se deu todo o processo de vazamento da fita de sexo do famoso casal Pamela Anderson e Tommy Lee, em duas perspectivas: do próprio casal e do responsável pelo fato, o marceneiro Rand (Seth Rogen).
Imagem: Hulu/Star+ (Divulgação)
Dividida em oito episódios, esta minissérie procura mostrar os dois pontos de vistas da história que são do próprio casal e de Randy. Apesar de em um primeiro momento tudo ter parecido ser inofensivo, e ser uma grande “farra de adolescente”, a medida que o programa vai avançando ele começa a ganhar um apelo mais dramático. Enquanto muitos achavam que a série iria pegar um clima mais satírico por causa de uma “manjuba falante” (estou falando sério), ela acaba retratando tudo como citado anteriormente: uma farra de jovens, onde as consequências começam a implicar depois.
Realmente estamos falando do melhor trabalho na carreira de James, Stan e Rogen, inclusive o segundo acaba roubando a cena e está totalmente desconstruído de seus papéis habituais, além de estar em uma enorme camada de maquiagem, assim como James (que realmente está idêntica a própria Pamela Anderson, mas ainda sim com uma pegada de vale da estranheza).
As situações vividas pelo trio em plenos anos 90, acabam transpondo uma enorme nostalgia daqueles que viveram tais épocas. Seja pelas breves cenas envolvendo os bastidores da série “SOS Malibu“, os ensaios da banda Mötley Crüe e até mesmo a facínora pela então tecnologia do VHS e o surgimento da internet. Pode-se dizer que isso funciona, pois é apresentado na tonalidade certa e não jogado pro espectador como uma mera expressão de “lembra disso que existia naquela época?”
Mas confesso que o roteiro só se perde um pouco ao tentar abordar uma subtrama envolvendo o relacionamento de Randy com a atriz porno Erica (Taylor Schilling), pois parece que ela apenas está lá como uma espécie de interlocutora para aquele, sobre o que os protagonistas estão pensando e passando (se parar para pensarmos, não fazia sentido este personagem ter existido na série).
Em sua conclusão, “Pam & Tommy” acaba sendo uma divertida série que nos faz reviver os anos 90 e analisarmos por uma outra perspectiva uma das mais polêmicas histórias da cultura pop.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.