Crítica - Alemão 2 - Engenharia do Cinema
Lançado em 2014, o longa nacional “Alemão” havia chamado atenção por conta de sua trama que batia com a situação atual das favelas do Rio, que aos poucos estavam sendo pacificadas pela polícia. Com um elenco de ouro composto por Caio Blat, Milhem Cortaz, Otávio Müller, Cauã Reymond e Antônio Fagundes, a produção chegou a receber uma bilheteria plausível, mas não um grande sucesso (já que se assemelhava demais com os então recentes “Tropa de Elite“). Em “Alemão 2“, claramente temos um projeto que não havia necessidade de ser feito, e o único propósito desta é apenas mostrar um “mais do mesmo” (que já cansamos de ver em outros filmes, séries e telejornais).
Imagem: RT Features (Divulgação)
A história se passa em meados de 2018, na época onde as eleições para Presidência estavam ocorrendo e a Polícia Militar consegue montar uma ação para capturar o famoso bandido Soldado (Digão Ribeiro). Escalados para a missão estão os PMs Machado (Vladimir Brichita), Ciro (Gabriel Leone) e a novata Freitas (Leandra Leal). Porém, eles não imaginavam que ao mesmo tempo iria ocorrer uma grande guerra entre facções e eles ficariam entre o fogo cruzado.
Imagem: RT Features (Divulgação)
Realmente, durante boa parte da projeção só me veio à mente sucessos do cinema dos EUA como “16 Quadras“, “O Fugitivo” e até mesmo “A Testemunha“. Mas é algo bastante normal e rotineiro, o cinema nacional beber bastante desta fonte. Porém, o roteiro de Thiago Brito e Marton Olympio bebe muito do clichê das milícias e até mesmo sempre joga para o espectador (pelo menos em boa parte das cenas) que “a polícia está errada em suas atitudes”, enquanto o diretor José Eduardo Belmonte (que também comandou o primeiro) conseguiu criar uma atmosfera muito boa de ação e suspense.
Mesmo não conseguindo estabelecer uma ligação de importância com nenhum dos personagens, o jogo de câmera e as tensões criadas em cenas chave, acabam prendendo a nossa atenção. Mas, quando ficamos dependendo do roteiro, esses sentimentos acabam virando um vazio pleno, carregado apenas de militâncias ideológicas (que só farão sentido para quem já é adepto a linha de pensamento já citada). Uma pena, pois potencial este projeto tinha.
“Alemão 2” acaba se tornando mais um filme nacional esquecível, que por conta de mensagens pobres, acaba sendo um mais do mesmo.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.