Espaço do Colecionador #7 - Gabriel Torres - Engenharia do Cinema

publicado em:15/05/22 9:55 PM por: Gabriel Fernandes Espaço do Colecionador

Como nós do Engenharia do Cinema nunca escondemos que apoiamos a mídia física, resolvemos criar este quadro que sempre irá trazer um colecionador da mesma, a cada 15 dias, sempre aos domingos. Com o propósito de mostrar que a mesma ainda vive e que existem várias pessoas que possuem vários filmes em suas residências, o quadro surgiu com o intuito de discutir e apresentar pensamentos sobre o andamento do mercado.

O papo de hoje é com o colecionador e Engenheiro de Software Gabriel Torres, de 25 anos. Começando a colecionar desde jovem, ele teve inicio com uma forma um tanto que comum na comunidade, mas pouco citada por vários colecionadores: DVDs de camelo. Mas, com o passar dos tempos, Gabriel foi conhecendo algumas edições espetaculares de selos como a Versátil Home Vídeo e até mesmo Obras Primas do Cinema (e inclusive, conquistou uma edição numerada em 0001).

Engenharia: Como você começou sua Coleção? Qual seu primeiro título em mídia física

Gabriel: Comecei com a coleção de maneira muito curiosa e irônica. Nunca tive o desejo de comprar filmes originais, apesar de sempre ter tido interesse em fazer coleção de algo (acho coleções muito bonitas e atrativas, independente de qual seja o foco). Frequentava de vez em quando a casa do meu primo Piero, um grande colecionador da comunidade. Lá ficava babando naquelas prateleiras cheias de itens, mega edições especiais, giftsets e tudo que tinha, porém como ainda não trabalhava e não tinha meu próprio dinheiro, não tinha condições de começar algo.   

O que meu pai podia comprar pra mim eram DVDs alternativos vendidos na feira da cidade, devido ao preço. E como era o que eu tinha, aquilo me deixava muito satisfeito e realizado. Buscava também desenhar em alguns pedaços de papelão algo que representasse cada gênero cinematográfico, e colocava essas divisórias para organizar minha pequena caixa de sapatos de filmes.

Imagem: Autor (Divulgação)

No natal de 2013, como eu tinha recentemente adquirido uma TV 3D, estava procurando algum filme pra ter e testar a tecnologia. Lembrava muito também das belas edições que meu primo possuía, e a que mais me encantou na época foi o box de “Planeta dos Macacos Evolution Collection“. Foi aí que fui atrás e encontrei o que considero meu primeiro item da coleção: a lata do primeiro filme dos “Vingadores“. Ganhei a mesma de natal, e assisti ao filme incontáveis vezes. No ano seguinte, adquiri o box digipak de Star Wars em Blu-Ray, e as aquisições foram cada vez mais aumentando (dentro das minhas limitações financeiras, pois ainda não tinha renda própria).   

Hoje, nove anos depois, consegui comprar muita coisa que tinha vontade, apesar de ainda faltarem muitas. Por conta de ter começado tardiamente, a maior parte do que tenho é em Blu-Ray. Porém, recentemente “descobri” o DVD (graças à Versátil) e muitas pérolas só temos no formato, fazendo a coleção crescer ainda mais.

Antes eu era um colecionador mais casual, buscava comprar apenas em promoções das grandes lojas, como Submarino, Americanas, Livraria da Folha, Cultura e Saraiva, comprando apenas o que já conhecia. Hoje tenho uma mentalidade diferente: busco conhecer novas obras através do colecionismo, muito graças ao DVD e à curadoria de grandes nomes, como o Fernando Brito. Ao contrário de outros amigos colecionadores, foi o colecionismo que me tornou um cinéfilo e me fez descobrir filmes que jamais teria descoberto se não tivesse entrado de cabeça nesse universo e na comunidade.

Engenharia: Qual seus maiores títulos da coleção?

Gabriel: Acho muito difícil escolher um ou dois títulos, pois tenho um apreço muito grande por cada item da coleção. Também não possuo grandes giftsets ou edições mega especiais (igual alguns amigos que colecionam há mais tempo). Mas há edições ou até mesmo coletâneas que posso citar e que pra mim se destacam:

Imagem: Autor (Divulgação)

  1. Coleção Alfred Hitchcock – A Obra-Prima: essa coleção tem um valor muito grande pra mim pois é do meu diretor favorito. Eu sempre via a mesma por volta de R$ 400,00 ou mais, tinha o sonho de ter mas não tinha esse dinheiro todo. Minha maior felicidade foi conseguí-la em uma Black Friday no Submarino, talvez seja minha preferida.
  2. Coleção Steven Spielberg: acho o item mais bonito da coleção, dispensa comentários. Sou apaixonado.
  3. Coleção Esssencial – Versátil: descobri muitas obras-primas nessas caixas, filmes que entraram pros meus favoritos da vida. É, de fato, ESSENCIAL.
  4. Coleção em DVD “A Arte de”, da Versátil: cada caixa com um recorte fantástico e com pérolas muitas vezes desconhecidas que te apresentam pra um novo estilo de cinema.
  5. Trilogia Evil Dead, da OP: um dos boxes mais bonitos que tenho, dá pra sentir o capricho e cuidado em cada detalhe da edição.
  6. Blu-ray Todo Mundo Quase Morto, da OP: por mais que não seja nenhum box fantástico, tenho um apreço por essa edição por ser minha primeira (e até então única) da coleção a ter numeração 0001.
  7. A Lata de Vingadores: tenho um carinho por ser a minha primeira edição da coleção.
  8. Digipak Star Wars – A Saga Completa: não ta mais completa mas ainda é um baita box rsrs
  9. Blu-ray Retrato de uma Jovem em Chamas, da Versátil: gosto MUITO dessa edição, pois é de um filme que acho sensacional, um dos meus favoritos, e jamais imaginei ele saindo em nosso país.
  10. Steelbook La La Land: um dos meus poucos itens importados, mas que já é um dos favoritos, pela edição e pelo filme.
  11. Box Charles Chaplin da Versátil: um box completaço da obra desse gênio.
  12. Coleção em DVD “Obras-primas do Terror”, lançada pela Versátil.

Imagem: Autor (Divulgação)

Engenharia: Com relação aos importados. Quais quesitos você acredita que compensa, na hora de trazer um título para sua coleção?

Gabriel: Não importo títulos em grande quantidade, até pela alta do dólar. Mas os que tenho ido atrás são para fechar algumas lacunas de coleção (como os da Pixar, que acho incabível ficar incompleta) e até mesmo alguns filmes que gosto e que possuem distribuição no Brasil com pouca ou nenhuma chance de verem a luz do dia por aqui (principalmente A24, que em sua maioria pertencem a “fria” Diamond Films), ou ainda algumas edições especiais que só vemos lá fora, como o lindíssimo steelbook de “La La Land – Cantando Estações” da Best Buy.

Imagem: Autor (Divulgação)

Nos últimos meses, comecei ainda de forma tímida uma coleção de 4K, e tenho buscado alguns títulos no formato também, já que muitas vezes a diferença de preço para importar um 4K ou BD comum é bem pequena. E, além disso tudo, as vezes a demora para serem lançados os títulos por aqui me fazem ter vontade de importar, como o “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa“, que até o presente momento, não temos nenhuma notícia de lançamento em território brasileiro.

Engenharia: Além de mídia física, você coleciona outras coisas?

Gabriel: Não considero que tenha nenhuma outra coleção, já que a de filmes é bem mais expressiva. Mas tenho alguns bonecos da linha MiniCo (Iron Studios). Como são bem poucos, apenas 9, não sei se considero uma coleção. Tenho também uma pequena coleção de CDs apenas dos artistas que gosto mais, por volta de 30 CDs.

Imagem: Autor (Divulgação)

Engenharia: Quais os maiores problemas que você acha que a comunidade de mídia física enfrenta?

Gabriel: Acho que é chover no molhado falar isso, mas o principal de todos seria a falta de união. Tudo o que menos precisamos nesse período em que a mídia física se vê em um de seus maiores momentos de fraqueza em nosso país, é essa disputa desenfreada entre grupos, pra ver quem sabe mais ou quem tem mais poder na comunidade. Num momento onde todos deveriam unir forças em prol da manutenção do nosso hobby, o que vemos é uma disputa de ego que não é saudável pra ninguém.

Não tenho estado muito ativo também em grupos de colecionadores no Facebook. Apesar de participar de vários, sinto falta de quando um ajudava o outro, com links de produtos/promoção, novidades, ou mesmo compartilhando suas aquisições. O que se destaca hoje são apenas discussões, ou disputa pra ver quem pagou menos em um produto, ou reclamações de preços e/ou de distribuidoras e lojas.

Imagem: Autor (Divulgação)

Gosto mais de interagir em alguns grupos de Whatsapp, como o Cult com muito Orgulho, Colecioneiros (grupo de colecionadores da região de Campinas/SP) ou mesmo o Espaço do Colecionador. Sinto que nestes há uma sinergia maior dos participantes e uma troca de informações ou discussões muito relevantes e pertinentes. De resto, acompanho de longe apenas.   

Sinto que a comunidade teria um ambiente melhor se todos focassem seus esforços em discutir mais sobre filmes e edições, e menos sobre preferência de lojas ou preços.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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