Crítica - A Hora do Desespero - Engenharia do Cinema
Normalmente suspenses estrelados por dois ou um único personagem central, costumam dar certo se você compra a perspectiva do diretor e o carisma do mesmo. Existem casos de sucesso como “Enterrado Vivo“, “Oxigênio” e “Gravidade“, enquanto outros se tornam piada como o recente “O Culpado“. Em “A Hora do Desespero” posso dizer que se encaixa no meio termo, pois a atriz Naomi Watts (“Impossível”) consegue ter carisma para segurar o espectador durante quase 80 minutos. Só que o diretor Phillip Noyce (“Salt”) parece estar trabalhando para um jornal sensacionalista.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
A história gira em torno de Amy (Watts) que sai para correr após acordar o seu filho Noah (Colton Gobbo) para ir até a escola. Só que durante seu percurso ela recebe uma mensagem no celular que está ocorrendo um massacre na escola deste, fazendo com que ela entre em uma corrida contra o tempo para conseguir ter uma informação sobre o mesmo.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
O roteiro de Christopher Sparling nos apresenta um cenário bastante complicado, pois ele é regado apenas por uma personagem, munida de um celular no meio de uma floresta (que notoriamente foi cuidada para receber práticas esportivas). A imersão neste projeto funciona apenas se você se desligar totalmente de todas as distrações possíveis (seja comentários de terceiros ao seu lado, e constantes olhadas no celular), e focar apenas na tensão de Amy. Ele consegue não só aproveitar o carisma da atriz, como realizar diversas situações possíveis e plausíveis dentro do contexto da trama (que é sobre a perspectiva de uma mãe, durante um massacre de uma escola).
Sim, Watts possui um carisma para este tipo de produção e consegue se mostrar realmente como uma mãe preocupada com seu fruto. Só que o diretor Phillip Noyce extrapolou um pouco ao procurar balançar demais a câmera e entupir de cortes grotescos entre as cenas (que acaba beirando mais um sensacionalismo de um Datena, ao invés de uma construção de uma atmosfera de suspense). Acredito que iria pegar mais o espectador, até mesmo se ele fosse filmado em plano sequência (que é difícil, mas havia vários meios para serem trabalhados como cortes nas cenas focadas no celular e quando Amy passava por árvores e arbustos).
“A Hora do Desespero” acaba sendo apenas uma genérica produção de suspense, que consegue divertir e entreter apenas se você ficar focado totalmente nesta narrativa.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.