Crítica - Spiderhead - Engenharia do Cinema
Certamente a Netflix foi inteligente em ter segurado o lançamento de “Spiderhead“, em seu catálogo. Previsto inicialmente para o final de 2021, a plataforma esperou a janela de “Top Gun Maverick” e “Thor: Amor e Trovão“, justamente para aproveitar a alta dos atores Chris Hemsworth, Miles Teller e do próprio diretor Joseph Kosinski (que exerceu uma direção excelente, no longa com Tom Cruise). Porém, estamos tratando de um projeto que tinha um enorme potencial, mas que foi meramente “apressado em seu desenvolvimento” e acaba jogando tudo no lixo.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Baseado no curta “Escape from Spiderhead“, de George Saunders, a história se passa em um futuro não muito distante, onde prisioneiros podem reduzir suas penas se aceitarem participar de experimentos psicológicos, envolvendo uma nova droga. Sob o comando de Abnesti (Hemsworth), o detento Jeff (Teller) começa a se questionar até onde ele poderá ir com sua insanidade causada pelos medicamentos.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Realmente o diretor Joseph Kosinski só foi chamado para este projeto, pois ele sabe filmar tomadas aéreas com qualidade e enorme “facilidade”, independentemente do cenário (vide o próprio “Top Gun” e “Oblivion“). Só que como estamos falando de um filme que se passa em uma sala, durante boa parte de sua metragem, realmente podemos dizer que o potencial foi usado em cenas banais (que só servem para ser fanservice do diretor) como Jeff ouvindo seu celular em uma montanha ou até mesmo da própria ilha onde eles estão (que é mostrada exaustivamente).
Mas o roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick (responsáveis pelos dois longas de “Deadpool“), consegue ser carregado de vários problemas. A começar que eles apresentam um começo, meio e fim? Infelizmente, quando chegam neste último quesito, parece que a dupla se esqueceu de raciocinar e partiram para o famoso “porque sim! E é isso mesmo” (depois que os personagens de Teller e Jurnee Smollett conseguem sair da situação complicada, por causa uma chave do refeitório entregue a um gordinho, não duvido mais nada da criatividade da dupla).
“Spiderhead” realmente consegue funcionar em seus primeiros minutos, por conta das estacas que são colocadas. Mas faltou os tijolos e lages, para finalizar com a obra.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.