Crítica - Sem Limites - Engenharia do Cinema
Cada vez mais o cinema está deixando para escanteio adaptações cinematográficas envolvendo várias passagens históricas e importantes para o contexto da humanidade. “Sem Limites” é um destes casos onde a metragem da minissérie poderia facilmente ser convertida em um filme com cerca de 2h40 (ou até mesmo três horas), pois estamos falando de seis episódios com cerca de 40 minutos cada.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
Inspirada em fatos reais, a história mostra quando o historiador Fernando de Magallanes (Rodrigo Santoro) resolve convencer o governo da Espanha em realizar uma expedição para descobrir novos horizontes e conseguir abrir o caminho para mais riquezas para o país, em uma época onde às expedições estavam começando a ganhar força pelo mundo. Apesar de outras embarcações se juntarem a ele, o mesmo acaba escolhendo o misterioso Juan Sebastian Elcano (Álvaro Morte), para ser o Capitão de sua embarcação por conta do histórico que o mesmo já havia carregado.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
Apesar de ser dirigida pelo inglês Simon West (conhecido por filmes pipoca como “Os Mercenários 2” e “Con Air: Rota de Fuga“), estamos falando de uma produção totalmente idealizada na Espanha e filmada na Republica Dominicana. Com um orçamento nitidamente pequeno, é nítido que várias cenas no navio foram simplesmente filmadas em uma piscina com uma pintura “idealizando” o oceano com as outras embarcações ao seu redor. Isso pode ser prejudicial, se você fica encucado com estes detalhes, ao invés do próprio enredo.
Porém, este não é o único problema, uma vez que o roteiro de Patxi Amezcua apela para diversas frases de efeito e cenas de ação quase sempre regadas por violência (pelas quais claramente não aconteceram naquela época, e até justificam a presença de West para dirigir esta atração) para conseguir captar a atenção do espectador que compete a atenção com seu aparelho celular.
Sim, mas isso claramente não acaba sendo prejudicial para a trama como um todo, já que ela nos desperta a vontade de ir pesquisarmos sobre o que realmente aconteceu naquele cenário mostrado pela minissérie. Facilmente é transposta que Santoro e Morte possuem uma boa química em cena, e datado ao contexto da história, isso era um fator chave que conseguiu ser muito bem trabalhado pela dupla.
“Sem Limites” acaba sendo um interessante retrato histórico e mostra o quão foi importante o projeto de Fernando de Magallanes foi importante para o crescimento econômico da Espanha, e como Portugal até hoje mantém uma rivalidade ainda maior com esta nacionalidade.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.