Crítica - Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez - Engenharia do Cinema
Com toda certeza essa foi uma das produções nacionais que entrará para a história como uma das mais impactantes nos últimos anos. “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” narra toda a trajetória de como ocorreu o inescrupuloso assassinato da atriz Daniella Perez, em dezembro de 1992, pelo próprio colega de novela dela, o também ator Guilherme de Pádua e sua esposa Paula Thomaz. Dividido em cinco episódios, a atração conta com vários depoimentos (em grande parte pela mãe da própria, a roteirista Glória Perez).
Imagem: HBO Max (Divulgação)
Os diretores Guto Barra (que também cuidou do roteiro deste documentário) e Tatiana Issa procura traçar a história na perspectiva total da família de Daniella, e seus vários amigos (afinal, ela era uma atriz e bailarina com 22 anos e estava em tremenda ascensão na carreira). E é nítido que tanto Glória, quanto Raul Gazolla (que era casado com Daniella) ainda demonstram enorme amor por ela até hoje, e se sentem sem entender tudo que ocorreu. E isso é transposto para nossa pele, e sentimos por completo a dor deles (inclusive, é inevitável se emocionarmos).
Imagem: HBO Max (Divulgação)
Mas o que é interessante, é o fato da história ser contada em forma de um verdadeiro quebra-cabeça, pois além da dupla citada, há vários depoimentos de personalidades da época e que cercavam Daniella como Alexandre Frota, Fábio Assunção, Eri Johnson e muitos outros parentes da atriz como o irmão, tio e primos. Sempre acompanhados de cenas das investigações, imagens televisivas e até mesmo reconstituições. E facilmente somos transportados ao contexto turbulento, que mexeu com todos os envolvidos durante boa parte dos anos 90/inicio dos anos 2000.
Porém, em momento algum a narrativa tenta justificar ou até mesmo defender Guilherme e Paula, muito pelo contrário, é apresentado por intermédio de depoimentos de pessoas que conviveram com ambos (dentro e fora da prisão) sobre o quão a personalidade da dupla sempre foi doentia e que estavam dispostos a tudo por ter holofotes. Por que eles não estão presentes fisicamente falando neste documentário? Porque simplesmente estamos falando de um projeto que foca totalmente na família da vítima, e o quão eles mesmos tentaram a todo custo até bater de frente com a justiça brasileira para conseguir fazer a lei ficar melhor (algo que raramente é até mostrado em nosso cinema e dramaturgia).
“Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” é uma das mais fortes e necessárias minisséries nacionais lançadas nos últimos anos, e nos faz refletir o quão a sociedade brasileira está cada vez mais denegrida.
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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.