David Zaslav certamente é um dos nomes mais comentados no mundo, nesta última semana. Sendo o novo CEO da Warner Bros Discovery, o cara realmente está tendo uma visão mais pé no chão e está construindo novos prédios dentro do estúdio. Após ter cancelado o lançamento de “Batgirl” e “Scooby 2“, seja nos cinemas ou até mesmo no HBO Max, muito se disse sobre o que ele tinha em mente ao fazer essa situação toda.

Segundo o próprio, a ideia é poupar US$ 3 bilhões de dólares e para isso muitas coisas irão mudar no universo da Warner Bros. Este artigo tem apenas o intuito de explicar o que realmente está acontecendo, de forma condensada dentro da mesma e as possíveis novas soluções que ainda serão apresentadas nas próximas semanas.

Vamos começar pelo mais polêmico, que é o “fim” do HBO Max. Não, a plataforma não chegará ao seu fim, mas sofrerá uma remodelação. Atualmente a plataforma tem perdido cerca de US$ 500 milhões de dólares, devido ao lançamento de produções escassas e de pouco apelo (afinal, alguém chegou a assistir e comentar séries como “Ragdoll“, estrelada por Lucy Hale?). Visando economizar, Zaslav irá retirar o selo Max Original destas produções e disponibilizá-las para fazerem parte de outras plataformas como  Netflix, Amazon, Globoplay  e etc.

O mesmo vale para os filmes, que inclusive já foram removidos da plataforma o remake de “Convenção das Bruxas“, “Superinteligência“, “Um Pepino Americano“, “Confinamento“, “Nossos Sonhos de Marte” e “Charm City Kings” (atire a primeira pedra para quanto tempo estes filmes ficaram “populares” entre os usuários). Para eles serem disponibilizados na plataforma, determinados impostos devem ser arcados pelos governos de cada país, e dependendo do número de audiência, realmente não estava compensando. Sem o selo Max Original, eles também podem ser disponibilizados em outras plataformas também.

Zaslav também foi bastante claro e deixou ciente que não ocorrerá demissões em massa (como parte da mídia havia divulgado), e sim uma junção das plataformas HBO Max e Discovery, que lhes levará a ter um conteúdo mais amplo e voltado ao público adulto. Como o grupo CNN faz parte da Warner, e também possui seu próprio streaming, é quase certo que o mesmo acabe ingressando neste projeto (não foi anunciado ainda, porém é questão de tempo para isso ser concretizado).

Outro ponto que tem chamado bastante atenção é o setor da DC, estar passando por uma reformulação geral. Após o cancelamento de “Batgirl“, muitos já viram como “certo” o cancelamento de tudo que envolvia o selo. Com um orçamento de US$ 90 milhões até então (que inclui os imprevistos mediante ao cenário de pandemia), isso acabou economizando até então cerca de US$ 20 milhões para o estúdio. Mas qual a vantagem sobre isso? Lançando o filme nos cinemas e/ou HBO Max, os custos não iam ser apenas de impostos, mas sim com marketing (que normalmente são o dobro do orçamento de produção, como um todo). O mesmo vale para “Scooby 2“, cuja produção já estava 95% concluída.

Mediante a estes argumentos, Zaslav também foi curto e grosso, comentando a abertura do selo “DC Studios”, que irá focar neste primeiro momento em personagens chave como Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Flash, Shazam e Lanterna Verde. Segundo o próprio, já foi estabelecido um planejamento de 10 anos para os mesmos, que se assemelham com o que foi feito na Marvel Studios.

“Se olharmos todas as oportunidades que temos à vista, a DC está no topo da lista. Temos Batman, Superman, Mulher-Maravilha e Aquaman. São marcas reconhecidas em qualquer lugar do mundo e temos a chance de contar muitas novas histórias com eles. Decidimos repensar tudo. Reestruturamos nosso negócio. Agora, há uma equipe com um plano de 10 anos focado apenas na DC. Será bem parecido com o que Alan Horn e Bob Iger conseguiram colocar em prática com o Kevin Feige, na Disney“. Declarou Zaslav.

Imagem: Reprodução da Internet

Agora pare para analisar comigo a seguinte frase: “Dentro do contexto da DC, onde não houve uma abordagem necessária dos personagens citados acima, nos últimos anos, quem queria ver um filme da ‘Batgirl’, ‘Supergirl’ e até mesmo ‘Besouro Azul’?” Realmente a outra pasta da Warner não estava sabendo o que fazer de fato.

Com estes dois tópicos abordados, vamos para uma questão mais polêmica que vai em relação aos cineastas que Zaslav acabou “cortando” das listas de futuros projetos. Há cerca de três anos, a Warner havia fechado um contrato de US$ 200 milhões com o JJ Abrams para realização da série “Demimonde“, que sequer saiu do papel ainda e não teve absolutamente nada apresentado. A atração não só foi cancelada, como Zaslav mandou a conta para o cineasta, por não ter honrado com o seu contrato.

E embora tenhamos bastante respeito com cineastas como Clint Eastwood, o novo CEO deixou claro que não irá investir em projetos “pouco ambiciosos” mesmo sendo de diretores como o citado. Afinal, “Cry Macho” custou US$ 33 milhões e rendeu US$ 16 milhões mundialmente (inclusive que foi prejudicado pelo péssimo marketing do estúdio, que apostou em um sucesso maior do mesmo no HBO Max e não nos cinemas).

Como consequência, certamente haverão muitos atores, roteiristas e diretores que possivelmente nunca mais queiram trabalhar com a Warner em quaisquer projetos (o que seria muito justo, uma vez que eles perdem tempo fazendo produções que sequer seriam lançadas). Porém, somente o tempo irá mostrar se David Zaslav fará jus com suas promessas e cortes exorbitantes e inimagináveis.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.