Crítica - O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder (1ª Temporada) - Engenharia do Cinema
Confesso que realmente me esforcei para tentar gostar desta série, que vem sido aguardada por muitos durante anos. Mas “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” acaba se tornando mais um típico caso de produção, onde deixamos nossas emoções não pisarem no chão, diante de algumas ideias apresentadas. Dividida em oito episódios, esta primeira temporada se tornou a mais cara da história das séries com um orçamento de US$ 468 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões, que foi só aumentando devido à gravidade da pandemia durante as gravações).
Mesmo com um figurino, design de produção e até mesmo alguns efeitos em CGI (não digo que geral foi ótimo, pois em alguns momentos era nítido o uso da tela verde) de primeira, não acabam sendo sinônimos de qualidade, uma vez que temos um roteiro rasteiro, preguiçoso e clichê.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
A história se passa anos antes das trilogias de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis“, e vemos como Galandriel (Morfydd Clark) traçou sua própria trajetória e se tornou uma das mais respeitadas personagens do universo criado por J.R.R. Tolkien. Ao mesmo tempo, somos apresentados a diversos arcos englobando o mundo dos Elfos, pés peludos e humanos, que vivem intensos conflitos.
Imagem: Amazon Studios (Divulgação)
Com episódios durando cerca de 75 minutos cada, a única sensação que temos é que a Amazon chegou para os roteiristas e falou “vocês precisam entregar um enredo para cumprir esta metragem que queremos. Não importa o que tenha aqui, só coloquem conteúdo”. Isso acabou resultando em episódios onde absolutamente nada acontece, personagens andando para um lado, resumidos a caracterizações mal feitas, atuações pífias, discussões sobre coisas aleatórias e tentativas pífias de criarem filosofias de Tolkien (vide a frase da “Pedra que afunda e o barco que flutua”).
Entrando em comparação com a trilogia primária criada por Peter Jackson (é impossível não se recordar), você via que mesmo com vários personagens sendo apresentados, eles tinham um único foco que era destruir o anel. Aqui, não existe um foco como um todo, muito menos uma verdadeira motivação. “Ahh mas a Galandriel está em busca de vingança pelo seu irmão, que foi morto!”. Em momento algum o enredo nos seduz para tentarmos comprar isso, muito mesmo se assemelhamos com sua jornada. É a mesma coisa que chegar e falar “Joãozinho foi comprar pão na padaria e voltou com um saco de pão de queijo”, pois estou simplesmente jogando um contexto sem profundidade, e esperando que você compre a sua conclusão porque você gosta da respectiva comida.
Isso porque não fiz menções honrosas aos personagens Halbrand (Charlie Vickers), Arondir (Ismael Cruz Cordova), Theo (Tyroe Muhafidin), Nori (Markella Kavenagh), o gigante “estranho” (Daniel Weyman, que pode ser o Gandalf) e a Rainha Regent Míriel (Cynthia Addai-Robinson). Todos eles são colocados em cena, e apenas um terço deles são realmente bem representados. Já os outros, o único intuito é “aguarda ai, pois nas próximas temporadas você será útil para algo”. Poderiam ter focado em explorar a parcela que tem importância, antes de se preocupar em apresentar todos os caracteres de imediato (isso acaba até mesmo tirando a imersão do programa).
“O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” acaba sendo uma verdadeira lição de moral, onde mesmo se tratando de uma série bilionária, no universo de uma poderosa franquia, não significa que será ótima em sinônimo de qualidade.
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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.