Crítica - Argentina, 1985 - Engenharia do Cinema

publicado em:15/11/22 10:00 AM por: Gabriel Fernandes Amazon PrimeCríticasFilmesTexto

Escolhido como representante da Argentina para o Oscar 2023, “Argentina, 1985” é um grande exemplo de como o país consegue produzir filmes de qualidade, mesmo passando por uma enorme recessão econômica e diversos outros problemas. Estrelado por Ricardo Darín (que é um dos maiores atores latinos da atualidade), o enredo foca em um dos cenários mais delicados na história argentina e como um grupo de advogados e juristas, conseguiram contornar a situação.

Imagem: Amazon Studios (Divulgação)

Este contexto aconteceu, como diz o próprio título, em 1985, ano onde o procurador Julio César Strassera (Darín) acabou descobrindo diversos escândalos envolvendo militares que haviam dominado a Argentina, alguns anos antes. E como a situação política do país já não estava andando bem, ele acaba se juntando a Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) e uma equipe de jovens advogados para conquistarem provas e argumentos, para conseguirem fazer justiça.

Imagem: Amazon Studios (Divulgação)

É bastante nítido que o cineasta Santiago Mitre (que também assinou o roteiro com Mariano Llinás e Martín Mauregui) estudou a fundo o contexto retratado no longa. Porque há um cuidado com as diversas camadas apresentadas, seja por intermédio de deixar o espectador habituado ao cenário e a importância de Strassera e Ocampo.     

Em um primeiro momento ele tenta nos colocar dentro do cenário daquela época, sem tentar distorcer o contexto para aplicar pautas atuais (algo que o cinema tem feito como um todo, e isso se torna prejudicial, para histórias como esta). E quando a ação ocorre como um todo, o público já não só está habituado com a situação, como também está preparado para acompanhar o julgamento dos meliantes. Neste o destaque vai para a ênfase que é dada nos depoimentos das vítimas, pelas quais se tornam a verdadeira pimenta na narrativa.

Não diria que é um filme de atuações, apesar de Darín e Peter Lanzani (intérprete de Luis Moreno Ocampo) estarem muito bem em cena. É uma produção centrada em um contexto histórico, pelos quais os atores são meros coadjuvantes e o texto em si seja o grande protagonista. Tanto que o enredo nos desperta o interesse de procurar saber um pouco mais da história, mesmo com o próprio longa nos contando de forma plausível o que estava acontecendo.    

Argentina, 1985” realmente é uma verdadeira prova que o cinema argentino sabe conduzir boas histórias sobre a história de seu país, além de ser mais um tiro certeiro do veterano Ricardo Darín.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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