Valeu mesmo ter ido a CCXP22? - Engenharia do Cinema

publicado em:7/12/22 10:24 PM por: Gabriel Fernandes ArtigosColunasComic Con ExperienceCríticasEventosTexto

Este é um texto comentando minha experiência na CCXP22, pela qual pode ter sido totalmente diferente da sua, dependendo do rumo que você estava procurando no local. Para deixar clara esta análise da mesma, resumo que estava procurando um local agregado ao universo dos filmes e séries, contendo uma breve fuga do dia a dia.

Terminou na noite deste domingo, 04 de dezembro, a sétima edição do evento Comic Con Experience, no Brasil. Após um hiato três anos devido a pandemia, muitos estavam se questionando se a qualidade do mesmo iria decair e se teria o mesmo pique, afinal, no início de 2020 vários nomes que estavam encabeçando a Omelete Company (empresa responsável pelo evento, até então) como Érico BorgoAline Diniz e Natália Bridi, se desligaram do mesmo e seguiram carreiras distintas, mas ainda no universo pop.    

Com início na noite de 30 de novembro com a Spoiler Night, conhecido como um breve período pelo qual o mesmo abre às portas por poucas horas durante a noite, apenas para divulgar algumas das atrações que serão vistas no evento, muitos começaram a perceber o óbvio: havia menos estandes, mas agora as atrações tinham bons brindes.   

Este que vos fala optou por dormir na fila no dia citado, para conseguir pegar o painel do dia 01 de dezembro (cujas principais atrações eram os painéis da Marvel, Lucasfilm, Pixar e uma então possível aparição de Pedro Pascal, que não estava confirmado no painel de “The Mandalorian”). Cheguei ao local na faixa das 16h30, e fui o 67ª a chegar na fila.

Durante o período da madrugada, apesar de haver bastante segurança na parte externa do mesmo, no interior do estacionamento não se encontravam staffs para cuidarem dos “fura filas” e auxiliarem em eventuais problemas que poderiam surgir (uma vez que o local já tinha cerca de 1600 pessoas). Tudo acabou ficando à mercê daqueles que já estavam cientes do ambiente nos outros anos. 

Com a fila para o auditório Thunder Cinemark Club sendo aberta apenas às 9 horas da manhã (horário que também foram entregues as pulseiras), muitos começaram a furar a fila durante a entrada na fila que já direcionava para o painel, devido a ausência de staffs no final das mesmas (algo que foi solucionado nos outros dias do evento). Devido novamente a interferência daqueles que chegaram primeiro no local (como eu), aqueles ainda evitaram abrir as filas erradas (com o público que havia acabado de chegar no local) para entrarem no mesmo! (por incrível que pareça!). 

Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação)

Após muitas confusões, finalmente fomos colocados dentro do mesmo e justamente muitos de nós ficamos nas laterais dos painéis. Bastante próximos dos apresentadores e convidados durante os anúncios (estar perto de Kevin Feige, Pedro Pascal, Paul Rudd e Evangeline Lilly, foi surreal), não havíamos imaginado que outro problema estava prestes a ser mostrado em nossos olhos, mas que só notaríamos horas depois: Maria Bopp.   

Conhecida por fazer muito sucesso nas redes sociais com a “Blogueirinha do Fim do Mundo” e ter interpretado Bruna Surfistinha na sucedida série “Me Chama de Bruna”, era um desafio para ela em meio a cultura pop (algo que ela realmente nunca foi muito conhecida, inclusive grande parte das pessoas presentes do painel, não a conheciam). Quando a mesma começou a todo momento interromper o cineasta Fernando Meirelles (que estava sendo homenageado, no início do painel), para falar de sua carreira e se atrapalhar na leitura de frases clichês no teleprompter, os problemas começaram a serem notados por uma grande parcela do espectador. 

Mas o grande momento “vergonha alheia”, foi quando a mesma foi colocada para entrevistar o ator Alexander Ludwig (da série “Vikings”), pois além de fazer várias perguntas clichês, brincadeiras aleatórias e sem graças (como colocar ele vendo um oriental jogando um machado e dois “lutadores” se batendo, enquanto ela “parava” para poder falar que ela era a “fod*na” no palco e pedia fotos do público). Quando tudo não parecia estar mais vergonhoso (o mesmo inclusive, estava desconfortável em vários momentos), quando chegou a hora dela retratar sobre a série “Hells” (estrelada pelo ator, em 2021), ela não sabia sequer qual plataforma ela se encontrava (e ainda confundiu “Star+” com “Star”, e encerrou o mesmo sem citar que ela está disponível no Lionsgate+).   

  Quando a dupla saiu do palco, e Marcelo Forlani assumiu para comandar a atração da Disney, a sensação foi de alívio. Porém, outro descuido bastante breve foi cometido pelo mesmo (e que poderia ter sido evitado com uma simples palavra). 80% das atrações mostradas em vídeos nos painéis, foram ditas pelo mesmo que eram totalmente exclusivas e que só os presentes iriam ver elas serem mostradas, mas que cerca de dois minutos depois já estavam disponibilizados pelos estúdios na internet. Isso ocorreu com os trailers de “Transformers: O Despertar das Feras”, “Indiana Jones: O Chamado do Destino” e até mesmo “Guardiões da Galáxia: Vol. 3” (que inclusive foi dito isso na presença do próprio Kevin Feige, Presidente da Marvel). A sensação de tristeza de vermos conteúdos que valessem à espera, acabaram sendo aumentadas (uma vez que os próprios painéis do estúdio ainda contavam com pré-estreias exclusivas).    

Isso sem citar que durante boa parte dos painéis da Disney, muitos staffs estavam totalmente confusos e achavam que não poderiam filmar presenças dos astros no palco (o que resultou em alguns conflitos e discussões desnecessárias). Mas para os que pensam que foi um desastre completo, confesso que o primeiro dia no Auditório Thunder Cinemark Club se salvou por conta da presença dos astros da Disney, pois realmente era nítido que muitas pessoas ali ainda não sabiam o que deveria se fazer e não houve nenhum preparo ou estudo sobre o que deveria ser executado.

Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação)

Desde então prometi para mim mesmo que não iria mais me prender naquele local, nos próximos três dias de evento. E realmente foi a melhor decisão que tomei (pois segundo muitos presentes no local, os problemas continuaram persistindo nos outros dias). Ao andar na feira na manhã de sexta-feira, 02 de dezembro, algumas coisas já eram perceptíveis nos primeiros minutos: Netflix e Warner ainda achavam que daria certo a questão de agendamento on-line de suas atrações.    

O resultado não só foi de várias confusões, como nos stands da Warner algumas atrações ficaram vazias durante alguns períodos (infelizmente não consegui fazer absolutamente nada neste, por conta disso). Já a HBO Max chegou no evento, fazendo algo mais “audacioso” ainda: distribuiu um número X de pulseiras logo na abertura do evento. Não seria um problema, se todos aqueles que pegaram Epic, Full ou entraram como Convidados e Imprensa, conseguiam ser maioria na fila e os que optaram por passaporte diário ou de quatro dias, dificilmente pegavam as tais pulseiras (uma vez que o número das mesmas eram bastante limitados). O resultado foi uma confusão tão grande, que o estúdio teve de suspender possíveis novas entregas durante o dia.

Imagem: Reprodução da Internet (Divulgação)

Em compensação os espaços da Paramount Pictures, Amazon Prime Video e Disney não só tinham atrações bastante divertidas, como também os staffs que estavam nos locais realmente conheciam o funcionamento de tudo, e tentavam ao máximo não deixarem a situação ficar constrangedora ou até mesmo possíveis conflitos serem armados.

Com uma réplica do “Hall dos Heróis” da série “The Boys“, a Amazon conseguiu ter uma das experiências mais divertidas do evento, por conta da imersão criada durante a mesma. Com um cenário que remetia totalmente ao seriado desde a fila, com protestos de pessoas contra o grupo de heróis dos Sete, até o guia de dentro do local, que sempre fazia “idolatrações sarcásticas” das coisas que estavam sendo mostradas (realmente é impossível não dar risada no trajeto).

Enquanto isso, o stand do filme “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” era um dos mais “simples”, porém tinha uma imersão sensacional com relação ao que está por vir no longa de John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein. Com cenários remetendo a um bar medieval, o mesmo contava com uma brincadeira de arco e flecha; caricaturas de procurado e vários brindes (como sacolas, posters e pins) que eram distribuídos homeopaticamente.

Outro stand que conseguiu arrasar mais uma vez na edição, foi do SBT, que além de contar com recriações de cenários das famosas pegadinhas de terror (como da “Freira“, “Annabelle“, “Chucky” e até mesmo a torta na cara), o local ainda contava com aparições de personalidades como Patrícia Abravanel, Ivo Landa e Vivi Fernandes, que sempre estavam atenciosos com o público e não deixavam o baixo astral atingir o local.

Com relação às lojas, apesar da maioria obviamente estar com valores altos (vide a LAB Riachuelo), o grande acerto foi por parte das lojas “Pernambucanas” e “Mercado Livre“, cujos valores e quantidade de diversidade de conteúdos geeks, estavam bastante acessíveis. Com menos de R$ 100,00 você conseguia comprar mais de um artigo e ainda sobrava troco para comer um Cup Noodles (cujo valor estava R$ 8,00 e era a comida mais acessível no local). Já na parte de comidas, realmente o local citado era o único que realmente possuía um valor e qualidade sustentável no local, pois até um balde de pipoca do Cinemark e uma Pizza da Domino’s (que mais parecia uma mini-borracha), estava na faixa dos R$ 50,00/R$ 70,00 (valor que facilmente poderia ser gasto nas duas lojas citadas anteriormente).

Para ver os atores, atrizes e principais nomes da industria do entretenimento nacional e mundial, o local certamente que estava honrando o legado do evento e que não teve tanta divulgação, foi o palco Omelete By Next, cuja apresentação de Marcelo Hessell e Mariana Ayrez foi um dos principais destaques. Com perguntas plausíveis, divertidas e até mesmo com um notório conhecimento do que estavam falando, 80% das pautas levantadas pelos convidados, saíram daquele cenário. Isso sem contar a interação com o público presente (vindo por parte de alguns convidados nacionais e internacionais do evento), que cada vez mais deixava claro que a CCXP raiz ainda estava ali.

E no final das contas, isso realmente valeu à pena? Confesso que tranquilamente não há mais a necessidade de ir quatro dias do evento + Spoiler Night, como era nos outros anos. Agora acredito que em dois dias, você conseguirá fazer todos os objetivos que pretende. Vamos aguardar para ver se a CCXP23 irá conseguir consertar esses erros grotescos e continuar sendo épica.    

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Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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