Crítica - O Menu - Engenharia do Cinema
Em uma era onde filmes originais estão cada vez mais difíceis de se achar, “O Menu” consegue ser não só um projeto que vai totalmente na contramão do que os estúdios vem nos entregando, como também opta por mesclar o reality “Chef’s Table” com o clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolates“, com pitadas de horror. Estrelado por Ralph Fiennes (em um papel que caiu como uma luva para ele), Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult, temos um projeto que certamente irá dividir e muito o público por conta de N fatores.
Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação)
A história tem início com o casal Margot (Joy) e Tyler (Hoult), que junto a um grupo de pessoas, das mais diferentes personalidades e carreiras, que decidem viajar para um restaurante distante, liderado pelo misterioso Chef Slowik (Fiennes). Ao chegarem no local, eles começam a reparar que não apenas pratos culinários são as especialidades do local.
Imagem: Searchlight Pictures (Divulgação)
Desde seu primórdio, sentimos que o roteiro de Will Tracy (um dos criadores da série “Succession“) e Seth Reiss começa com uma forte pegada de Agatha Christie, ao apresentar detalhadamente o estilo de seus personagens e como eles são distintos entre si. Tendo como plano de fundo os sete pecados capitais (soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça), cada mesa e o grupo de cozinheiros são realmente um ode à reflexão de como estes tipos de personalidades seriam, caso se encontrassem em um mesmo ambiente. E realmente isso funciona por conta do texto que foi proposto.
Embora Fiennes esteja assustador em seu papel (afinal, ele transpõe uma persona ameaçadora durante boa parte da projeção), a única que está na mesma sintonia e consegue bater de frente com o mesmo é Joy (que realmente está acertando com seus projetos, e aqui não é diferente). Com sensações de dúvidas, medo e ao mesmo tempo coragem e audácia nas suas atitudes, em poucos minutos já compramos sua protagonista. Em contraponto aos dois, Hoult se torna o grande alívio cômico (por ser totalmente desligado ao que está acontecendo em sua volta). Mas adianto, que estamos falando de um filme que vai funcionar, quanto menos você souber, ou seja, não irei adentrar mais no enredo do mesmo.
Com relação a retratação dos pratos e o arco culinário do filme, os pratos são exibidos de forma satírica (como se funcionassem em um programa do gênero), onde os ingredientes e o próprio visual são mais nítidos do que o nome dos pratos (que sempre era atrelado a algo maluco). Não chega a dar água na boca (pelo menos na maioria), mas serve para mostrar o quão uma parcela da sociedade só consome este tipo de pratos, para se exibir na internet.
“O Menu” consegue se favorecer por conta de sua originalidade no roteiro, que não só foge dos padrões atuais do cinema, como nos entrega uma divertida produção de suspense com toques de comédia.
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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.