Crítica - Emily - Engenharia do Cinema
Não é novidade para ninguém que “O Morro dos Ventos Uivantes” é uma das maiores obras literárias da história, sendo referência para inúmeros outros livros, filmes e séries. Fazendo parte da grade de muitas escolas que possuem a disciplina de literatura pelo mundo, um fato é que muitas pessoas acabaram se deparando com o mesmo em algum momento da vida. O que foi o caso da atriz Frances O’Connor, que resolveu estrear na função de diretora e roteirista, para contar a origem da famosa obra (que certamente também lhe marcou em sua vida).
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
A trama gira em torno do momento da vida que serviu como inspiração para a então tímida e atirada Emily Brontë (Emma Mackay), resolveu escrever o aclamado livro. Vivendo em uma região de campo, em pleno século 19, ela dividia sua rotina entre usar ópio com seu irmão Branwell (Fionn Whitehead) e aprender francês com o reverendo William Weightman (Oliver Jackson-Cohen), por quem ela nutria uma paixão secreta.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
Mesmo se tratando de uma fã de Brontë, O’Connor consegue acertar no principal quesito que é não deixar aquela totalmente artificial, à ponto do espectador ver que ela sempre era uma mulher perfeita e dona da razão (quando nós sabemos que nenhum ser humano é assim, e muitos cineastas cometem este erro ao retratarem seus ídolos nas telonas). Isso também é mérito da atuação de Mackey (que depois da série “Sex Education“, vai continuar por muito tempo vivendo a garota rebelde no cinema), que transpõe todas as mágoas, neuras e maluquices de Emily.
Outros pequenos detalhes e cuidados no desenvolvimento da narrativa, também são brevemente notados, como por exemplo Emma Mackey ser francesa (o que faz a mesma falar o idioma fluentemente, como a própria Emily), a própria narrativa da trama remeter clássicos aclamados como “Orgulho e Preconceito” (que inclusive o livro de Jane Austen foi publicado quase na mesma época da obra de Brontë) e ainda abre uma brecha para um possível filme sobre a irmã de Emily, Anne Brontë (Amelia Gething) que escreveu o sucedido “A Senhora de Wildfell Hall“.
“Emily” acaba sendo um interessante retrato de como a famosa obra literária “O Morro dos Ventos Uivantes“, surgiu e termina deixando que realmente toda boa cinebiografia não deve jamais idolatrar seus protagonistas.
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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.