Recordando - "A Paixão de Cristo" - Engenharia do Cinema
Lançado em 2004, “A Paixão de Cristo” foi um dos maiores filmes bíblicos já lançados e feitos na história do cinema. Com um orçamento de US$ 30 milhões, rendeu mundialmente US$ 612 milhões (se tornando a maior bilheteria de um filme não falado em inglês, na história) e desde então se discute em fazerem a sua continuação, rotulada de “A Ressurreição de Cristo” (com todos os envolvidos do primeiro, voltando).
Dirigido, escrito e produzido por Mel Gibson (que é católico praticante), o próprio tem como marca a violência em suas cenas e não poupa o realismo nas mesmas. O resultado acabou com muitas pessoas não indo aos cinemas ver o mesmo na época (o que fez Gibson lançar uma versão “light” do longa um ano depois, para estes irem conferir sem problemas), e algumas até morreram nas exibições (de tamanho realismo que foi criado). Mas um fato é: até hoje este filme sempre é citado de alguma maneira (e não apenas em programas religiosos).
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
O enredo é centrado nas últimas 12 horas na vida de Jesus Cristo (Jim Cavieziel), desde quando ele foi dedurado por Judas (Luca Lionello) até seu crucificamento. Neste meio tempo, vemos o quão o mesmo foi judiado pelos homens que o perseguiam e como a sociedade estava dividida, em relação de sua índole e poderes milagrosos.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
Um fato é que Mel Gibson sempre teve um carinho enorme por este seu trabalho (tanto que ele proibiu de dublarem o mesmo, durante 10 anos. Ocasionando até em exibições legendadas, na TV Record), e desde seu princípio isso é nítido. Seja pela concepção dos diálogos, atuações e o cuidado na direção de arte e figurino da atmosfera apresentada.
Agora os trabalhos mais primordiais foram a fotografia (que remete ao clima árido de todo contexto), e a maquiagem (já que os machucados de Cristo, estão totalmente realistas), que acabaram sendo consequentemente indicados ao Oscar (juntamente com a categoria de Trilha Sonora, que realmente não merecia figurar).
Isso porque ainda não entrei no aspecto da atuação de Jim Caviezel, que passou maus bocados nos sets (uma vez que ele foi atingido por um raio, teve uma fratura no ombro na hora de carregar a cruz e um dos figurantes errou o golpe da chicotada, resultando em uma cicatriz de 35 cm, em suas costas). Convencendo desde o primeiro momento como Cristo, sua atuação consegue ser realista ao extremo (o que nos faz crer em estarmos vivenciando todo aquele momento) e até consegue tirar lágrimas dos mais durões.
Vale enfatizar que o próprio roteiro assinado por Gibson e Benedict Fitzgerald, é sutil e não fica explicando quem é quem na narrativa (uma vez que eles deduzem que o espectador já conhece a passagem bíblica). E isso fica nítido até na retratação de Lúcifer (na icônica cena do próprio carregando um bebê, que é descrito como a figura do demônio), que é representado com um ser não binário (já que ele não possui sexo).
“A Paixão de Cristo” consegue se destacar até hoje como um dos melhores filmes sobre a temática, e realmente o seu impacto fica cada vez mais plausível com os dias atuais.
Obs: o longa está disponível na plataforma Star+, sem opção do áudio original da obra (em Aramaico) e sim com dublagens em inglês (que está horrível) e português. Inclusive, própria imagem está aparentemente em uma resolução menor de 720p, ou seja, é melhor conferir o mesmo em mídia física (já que dificilmente o serviço vai alterar este arquivo).
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