Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino - Engenharia do Cinema
Não é novidade que a Disney estava há tempos tentando realizar um novo filme para o personagem Indiana Jones, depois que a compra da Lucasfilm foi concretizada. Depois de decepcionar muitos fãs com os últimos materiais cinematográficos de “Star Wars”, o selo finalmente mirou para a franquia estrelada por Harrison Ford. “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” usa e abusa de recursos de CGI, com o intuito de tentar fazer com que o primeiro volte a viver seus tempos de ouro como o citado. Funciona, mas ainda há ressalvas.
Imagem: Lucasfilm (Divulgação)
A história se passa em meados dos anos 60/70, quando Indiana está vivendo uma vida triste e pacata, ainda trabalhando como professor e tendo alunos ainda menos interessados em suas aulas. Porém, ele tem seu caminho cruzado com sua afilhada, Helena (Phoebe Waller-Bridge) que comenta estar atrás de um artefato que seu próprio Pai sonhava em desvendar seus segredos. Eis que a dupla descobre que os nazistas, liderados pelo Dr. Voller (Mads Mikkelsen), também estão atrás do próprio, e começa um enorme jogo de gato e rato pelo próprio.
Imagem: Lucasfilm (Divulgação)
Depois que Steven Spielberg abriu mão de dirigir a franquia (já que ele estava ocupado com “Os Fabelmans” e finalizando outros projetos), o estúdio contratou o ótimo James Mangold (“Ford vs Ferrari” e “Logan‘) para assumir a função. Realmente, embora este tenha como marca grandes cenas de impacto no quesito dramático (pelas quais são regadas de violência, na maioria das vezes), aqui o próprio parece ter feito o copia e cola de tudo que Spielberg fez na trilogia original.
E digo isso com total clareza, pois até a fotografia com tonalidades amareladas/depressivas de Phedon Papamichael (que já fez com Mangold filmes como “Johnny e June“) remete aos trabalhos clássicos de Douglas Slocombe (falecido em 2016). Felizmente John Williams pode voltar ao posto de responsável pela trilha sonora, e não existia um profissional melhor para saber como conduzir esta função na saga.
Isso faz com que não exista uma marca ou diferencial marcante neste filme, apenas um conjunto de cenas que homenageia o legado do próprio. Porém, isso funciona? A minha resposta é sim! Embora em muitas das cenas vemos que foram utilizados Deep Fake e CGI carregados para rejuvenescer Harrison Ford (uma vez que o próprio já está com 80 anos, e ainda contundiu a perna durante as gravações), especialmente em cenas de ação extrema (já que o próprio não teria como andar correndo à cavalo ou saltar de vagões de trens). Inclusive estas realmente funcionam e prendem nossa atenção (uma vez que ocorrem em boa parte da projeção).
Com relação ao elenco de apoio, há algumas participações breves, mas bem retratadas de nomes como Antonio Banderas (“A Máscara de Zorro“), Toby Jones (“Capitão América e o Soldado Invernal“) e John Rhys-Davies (que retorna como o velho amigo de Jones, Sallah), enquanto os vilões vividos por Mads Mikkelsen e Boyd Holbrook (da série “Narcos“), se distinguem no quesito de espalhar o caos, uma vez que o primeiro por suas atitudes e olhares, enquanto o segundo literalmente resolve tudo “na bala” (chegando até ser previsível seus arcos, em certo ponto).
Outra questão bastante polêmica no enredo, seria se Phoebe Waller-Bridge se tornaria a “nova Indiana Jones”, uma vez que os roteiros vazados e informações de insiders indicavam isso. Porém, a própria não apenas se assemelha demais com sua personagem em “Fleabag” (inclusive, há algumas referências a série), como não possui um semblante de protagonista para este tipo de filme, ou seja, ela precisará sempre de um Harrison Ford, para conseguir ter sentido de existir e possui motivações.
“Indiana Jones e a Relíquia do Destino” não consegue ser uma obra digna de uma despedida grandiosa para Indiana Jones, mas diverte aqueles que estavam com saudades do bom e velho Harrison Ford.