Crítica - A Noite das Bruxas - Engenharia do Cinema
Após dois filmes adaptando os famosos contos de Agatha Christie, envoltos as investigações do detetive Hercule Poirot, o cineasta Kenneth Branagh (que recentemente venceu o Oscar por “Belfast“) chega em sua terceira produção, “A Noite das Bruxas“, com a seguinte premissa “terei de ir um pouco mais além, para não deixar totalmente semelhante ao livro” (e de fato, algumas coisas diferem um pouco). E diferente dos citados, isso funcionou de uma forma plausível e ainda sim nos consegue deixar envoltos ao enredo.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
Em uma viagem para Veneza, o famoso detetive Hercule Poirot (Branagh) acaba se deparando com um caso totalmente diferente do que está acostumado. Sendo encarregado de investigar o misterioso assassinato da jovem Alicia (Rowan Robinson), aos poucos ele descobre que terá de ir mais além de seus conhecimentos habituais, quando presenças sobrenaturais começam a se rebelar.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
O roteirista Michael Green (que já escreveu os antecessores a este, “Assassinato no Expresso Oriente” e “Morte no Nilo“) partiu do contexto onde todos já sabem o talento de Poirot e agora o mundo clama por suas investigações (tanto que na abertura mostra o mesmo sendo cotado por várias pessoas, nas ruas de Veneza).
Apesar dele não ter como foco retratar muito bem os coadjuvantes (algo que é plausível, pois dentro deste tipo de filme, os personagens devem ser apresentados homeopaticamente, mas sempre com uma pitada de desconfiança), conseguimos entrar facilmente no enredo. Contendo mais uma vez um famoso elenco de peso (que já virou marca desta franquia), os destaques caem sobre Tina Fey (Ariadne Oliver) e Jude Hill (que já trabalhou com Branagh em “Belfast“, e aqui parece uma versão criança do próprio), sem citar que Kenneth Branagh está ótimo na atuação e na direção, pois ele procurou explorar outros tópicos para criar um mistério maior (por intermédio de trabalhos sonoros, que causam dúvidas ainda mais cruciais, em horas inesperadas).
Não vou deixar de citar, que a escolha do diretor de fotografia Haris Zambarloukos (constante colaborador de Branagh) foi crucial neste tipo de produção. Porque, além dele conseguir deixar a tonalidade clara em boa parte da produção (embora o enredo se passa em grande parte, durante a noite), é sutil também ao retratar flashbacks (em preto e branco, com frames sugerindo uma visão em película) e não procura cansar o espectador ou deixar este indignado.
“A Noite das Bruxas” termina como sendo mais um tiro certeiro de Kenneth Branagh, e ainda deixa claro que esta franquia poderá sim, ter mais adaptações para as telonas.