Crítica - Uma Fada Veio Me Visitar - Engenharia do Cinema
Depois de um hiato de quase 14 anos sem estrelar nenhum filme, Xuxa Meneghel resolveu voltar para um dos setores que a consagrou em sua carreira neste “Uma Fada Veio Me Visitar“, que é a segunda adaptação do livro de Thalita Rebouças, depois da versão horrenda estrelada pela Kéfera em 2016, rotulada como “É Fada“. Embora este tenha uma pegada mais infantil e acessível para os pequenos ainda mais (já que o outro havia muitos palavrões e coisas do estilo), temos um caso de produção totalmente amadora e que nitidamente não deu liberdade para seus atores em cena.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
A história começa com a adolescente rebelde Luna (Antônia Périssé), que sofre bullying na escola e não consegue tirar boas notas. Então, do nada, surge a fada Tatu (Xuxa) que promete ajudar a colocar sua vida nos trilhos, para que ela também consiga se estabelecer no universo das fadas.
Imagem: Imagem Filmes (Divulgação)
O roteiro da própria Rebouças com Patrícia Andrade, realmente não se preocupou em criar um primeiro ato plausível, com o intuito de nos importarmos e entendermos os reais intuitos de Tatu com relação a Luna. Tudo fica muito jogado, esquisito (tanto que em momento algum vemos a primeira interagindo com outras fadas, neste principio), parecendo até que excluíram essas cenas durante a edição final.
Pior que fica nítido o tempo todo que a diretora Vivianne Jundi (da série “De Volta aos 15“), não permitiu que muitos atores improvisassem em cena, fazendo com que muitos diálogos ficassem genéricos e até mesmo forçados. Principalmente vindo de adolescentes na faixa dos 15 anos, pelos quais não se comportam daquela maneira que o longa mostra.
Um caso típico é o primeiro arco com a Xuxa se revelando como Fada, para Luna cuja interprete só sabe berrar, dar escândalo e repetir frases feitas). A primeira sabe muito bem improvisar em cena, e algumas piadas que ela solta em relação a sua idade e vivência nos anos 80, perdem a graça pela falta deste timing natural.
Inclusive, ainda há duas cenas em específico, pela qual na primeira a própria Xuxa não estava no ambiente e foi inserida porcamente por CGI, enquanto nesta segunda ela parece que tinha acabado de sair de um programa televisivo e apareceu apenas para repetir frases de ativismo (algo que muitas pessoas não compram mais, hoje em dia).
Fora que Jundi sempre apela para recursos pobres, onde a batida da trilha sonora julga os sentimentos dos personagens e como o espectador deve se portar (e chega a ser constrangedor ver isso). Pior ainda é ver que foram utilizados nomes como Dani Calabresa, Zezeh Barbosa e Denise Del Vecchio para passarem por situações vergonhosas e sequer serem exploradas devidamente.
“Uma Fada Veio Me Visitar” é mais um caso de produção brasileira que é idealizada apenas com o intuito de agradar uma minoria que fica o dia inteiro em redes sociais, e vive em um universo paralelo ao real. Uma pena, pois pela segunda vez a mesma história é jogada no lixo.