Crítica - O Assassino - Engenharia do Cinema
Desde que lançou ‘Mank’ na Netflix, em 2020, o cineasta David Fincher deixou claro que seu próximo projeto iria sair um pouco da sua zona de conforto, já que ele iria adaptar a HQ ‘The Killer’, escrita por Alexis Nolent e Luc Jacamon. Custando cerca de US$ 175 milhões para o selo e com suas gravações em um cenário de pandemia global, se passando por vários locais como França, EUA e República Dominicana. Sim, pode-se dizer que o custo elevado se dá por conta desses critérios (além, obviamente, da contratação de David Fincher e Michael Fassbender).
Diferente do recente ‘Assassinos da Lua das Flores’, percebemos que este valor acaba sendo bastante infame no resultado final, uma vez que estamos falando de uma produção que mesmo contendo uma direção, fotografia e atuação de Fassbender muito boas, o tratamento no roteiro de Andrew Kevin Walker (que também escreveu ‘Seven’) deixa a desejar.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Após falhar em um serviço, um assassino (Fassbender) começa uma jornada mundial para evitar o pior, ao mesmo tempo que investiga um misterioso atentado envolvendo Magdala (Sophie Charlotte, que aparece relativamente pouco). Neste cenário ele se vê obrigado não apenas a enfrentar outros assassinos, como antigos amigos, chefes e a si mesmo.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Em seu prólogo, já conseguimos perceber que por conta da constante narração em off de Fassbender, funciona como uma arma para nos situarmos do cenário apresentado, ao mesmo tempo que ele acaba as vezes explicando o óbvio em algumas tomadas de decisões. O recurso é utilizado como uma forma de humanizar e nos aproximarmos ainda mais do próprio, porém, em certo estilo de produção, necessitava pelo menos, de um tratamento melhor para sua personalidade durante a sua jornada. Uma vez que a repetição, ainda torna a obra um pouco cansativa.
Como estamos falando de uma produção que é na perspectiva de um assassino de aluguel (inclusive, seus planos e execuções são muito bem apresentados, e se tornam até um verdadeiro ‘doutorado’ do assunto), muitos personagens sequer possuem nome (assim como o próprio) e são citados apenas por suas profissões como o Advogado (Charles Parnell) e a Expert (Tilda Swinton). O recurso funciona, principalmente por se tratar de uma narrativa no estilo noir.
E isso fica mais perfeito em aspecto técnico, pois Fincher sabe o tipo de produção que ele está retratando, e que muitas das vezes não é necessário aplicar alguns recursos extras para chamar a atenção ou explicar demasiadamente ao público, o que está ocorrendo.
‘O Assassino‘ não é um retorno triunfal de David Fincher ao gênero policial/suspense, onde ele mirou o Oscar e acabou acertando apenas em uma adição no catálogo da Netflix.